Sendo o principal destaque da COP28, o presidente Lula enfatizou a urgência de enfrentar a crise climática, criticando o alto investimento em armamentos e defendendo uma economia menos dependente de combustíveis fósseis, em meio a debates globais sobre sustentabilidade e desafios ambientais.
Na sexta-feira, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez sua primeira apresentação na abertura da COP28, um evento climático da ONU, em Dubai, Emirados Árabes.
Lula destacou em seu discurso a importância de redirecionar fundos utilizados em armamentos para combater a fome e as mudanças climáticas. Ele enfatizou como o Brasil é afetado por tais mudanças e a necessidade de uma economia menos dependente de combustíveis fósseis.
Esta conferência climática, prevista para durar duas semanas, reúne governantes, diplomatas, cientistas e membros da sociedade civil de várias partes do mundo para discutir e encontrar soluções para a crise climática provocada pelo homem.
Durante o discurso, Lula criticou o alto investimento mundial em armamentos, argumentando que esses recursos seriam mais bem aplicados no combate à fome e às mudanças climáticas. Ele questionou o impacto ambiental dos armamentos, citando especificamente os mísseis e seus efeitos sobre civis inocentes.
“Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres”.
Lula também abordou as desigualdades de renda, gênero e raça, frisando a relação dessas questões com o combate às mudanças climáticas. Ele criticou a ONU por sua falha em manter a paz mundial, mencionando a lucratividade da guerra para alguns países membros.
“O mundo naturalizou disparidades inaceitáveis de renda, de gênero e de raça, e que não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater a desigualdade”.
O presidente reforçou a necessidade de ação conjunta entre os países, afirmando a disposição do Brasil em liderar pelo exemplo e destacando as metas ambientais ambiciosas do país.
Desafios ambientais no Brasil
Lula mencionou a severa seca na Amazônia e as tempestades e ciclones no Rio Grande do Sul, destacando o impacto desses eventos na vida das pessoas. Ele enfatizou a urgência do problema climático, destacando que a natureza está cobrando as consequências das ações humanas mais rapidamente do que se esperava.
No Amazonas, a seca afetou dezenas de cidades e centenas de milhares de pessoas, enquanto o Sul do Brasil sofreu com fenômenos naturais extremos nos últimos dez anos.
“A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes”
Lula finalizou destacando a responsabilidade das gerações atuais pelas mudanças climáticas, criticando a falta de compromisso global com acordos climáticos e a necessidade de medidas concretas. Ele enfatizou que o planeta está enfrentando temperaturas elevadas, resultado das emissões de gases de efeito estufa e fenômenos como o El Niño, que aquecem as águas do Oceano Pacífico.
“O planeta já não espera para cobrar a próxima geração. O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos, de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas, de discursos vazios. Precisamos de atitudes e práticas concretas. Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?”.
Debate sobre combustíveis fósseis
Lula abordou a necessidade de acelerar a descarbonização global e promover uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. Ele ecoou o sentimento do secretário-geral da ONU, António Guterres, que criticou a ineficácia de tentar combater o aquecimento global enquanto ainda se depende intensamente de combustíveis fósseis.
Guterres enfatizou que a solução não está em reduzir, mas em cessar completamente o uso de todos os combustíveis fósseis.
Brasil e a OPEP+
A questão dos combustíveis fósseis também é relevante para a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), que recentemente incluiu o Brasil em sua organização. Apesar de alguns líderes da OPEP+ ainda defenderem o uso de combustíveis fósseis, ainda que em menor escala, a adesão do Brasil ao grupo foi oficializada, com a participação do ministro brasileiro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em uma reunião ministerial.
A OPEP, fundada em 1960, compreende 13 importantes países produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Irã, Iraque, entre outros. A adição do símbolo “+” representa os “países aliados” que, embora não sejam membros formais, cooperam em algumas políticas internacionais relacionadas ao comércio de petróleo.
Países como Estados Unidos, Canadá, Brasil, China e Catar, apesar de serem grandes produtores, não fazem parte do grupo.
Atuação da comitiva ministerial brasileira
A presença da comitiva ministerial brasileira na COP 28 inclui objetivos específicos para cada ministro. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deve se concentrar em temas como o combate à crise climática, progresso das metas do Acordo de Paris, e transição energética.
Atuação de Marina Silva
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente do Brasil, planeja apresentar na COP 28 os progressos do governo brasileiro no controle do desmatamento e nas ações de preservação das florestas tropicais. Ela enfatizou que a participação do Brasil na conferência não é para receber críticas, mas para exigir ações efetivas contra as mudanças climáticas.
Fernando Haddad e o plano de transformação ecológica
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem como objetivo principal na COP 28 apresentar o Plano de Transformação Ecológica do Brasil. Esse plano inclui iniciativas como a criação de um mercado regulado de carbono, emissão de títulos soberanos sustentáveis, desenvolvimento de uma taxonomia sustentável nacional, e a reformulação do Fundo Clima para apoiar atividades de inovação tecnológica e sustentabilidade.
Foco de Sônia Guajajara
Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, se concentrará em destacar a importância das demarcações dos territórios indígenas e a relevância destas comunidades na luta contra as mudanças climáticas. Ela abordará também o impacto dos eventos climáticos extremos sobre os povos indígenas e a necessidade de garantir os direitos humanos e proteger a biodiversidade. Outras pautas incluem o conhecimento indígena em soluções climáticas, a atuação feminina para a justiça climática, e o financiamento de projetos em terras indígenas.
Rui Costa e investimentos estrangeiros
Rui Costa, ministro da Casa Civil, focará em atrair investimentos estrangeiros em Dubai, além de acompanhar o presidente Lula nos compromissos da COP 28. Sua agenda inclui liderar o “Novo PAC”, um programa de investimentos em obras do governo federal, e participar de reuniões sobre infraestrutura e energia, inclusive na Arábia Saudita. Ele também acompanhará Lula em visitas internacionais, incluindo à Alemanha.
Com informações do G1
Comentários