Declaração de Alexandre Silveira sobre entrada do país na OPEP+ sem reduzir produção de petróleo, gera controvérsia em Dubai, contrastando com o discurso do presidente Lula sobre liderança em transição energética e combate às mudanças climáticas
Durante o segundo dia da Conferência do Clima da ONU em Dubai, que se estenderá por duas semanas, líderes de vários países fizeram pronunciamentos significativos. O Brasil, especificamente, teve um momento delicado quando um ministro do governo de Lula expressou uma opinião que gerou controvérsia, ofuscando outras ações do governo brasileiro na conferência.
Na quinta-feira à tarde, o ministro brasileiro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fez uma declaração importante. Ele indicou a possibilidade do Brasil se juntar à OPEP+, uma organização ampliada de países exportadores de petróleo. Ele enfatizou que o Brasil não se comprometeria a reduzir a produção de petróleo.
![Fala de Silveira sobre entrada do Brasil na OPEP+ repercute mal em Dubai](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2023/12/silveira-cop28-fubai-517x630.webp)
O momento do comentário de Silveira coincidiu infelizmente com um discurso de Lula na COP28, onde ele destacou o compromisso do Brasil em liderar a transição energética e combater as mudanças climáticas. Lula enfatizou a urgência da situação ambiental global e pediu mais investimentos dos países desenvolvidos na luta contra as mudanças climáticas e na redução de emissões de gases de efeito estufa.
Posição do Brasil na liderança ambiental
Lula destacou a disposição do Brasil em ser um líder pelo exemplo no enfrentamento das questões ambientais. Ele ressaltou a importância da ação conjunta entre os países para resolver esses problemas.
O convite para o Brasil fazer parte da OPEP+ foi feito durante uma visita de Lula à Riad, na Arábia Saudita, e formalizado através de uma carta recebida pelo ministro Silveira.
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Apesar de Lula não ter falado com a imprensa neste dia da conferência, outros ministros brasileiros comentaram sobre a declaração de Silveira. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, procuraram minimizar o impacto das palavras de Silveira. Haddad destacou a necessidade da indústria do petróleo investir em descarbonização e em tecnologias para uma transição ecológica.
Visão de Marina Silva sobre a OPEP
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, falou sobre a participação do país na OPEP. Ela explicou que o Brasil atuará como observador, aproveitando os debates e avanços tecnológicos para avançar na transição energética. Marina acredita que o Brasil pode ter uma matriz energética totalmente limpa, auxiliando na transição energética mundial.
Marina Silva não vê contradição na entrada do Brasil na OPEP+, contanto que seja para promover debates sobre economia verde e a necessidade de descarbonização do planeta. No entanto, essa perspectiva é recebida com ceticismo por algumas organizações.
O governo brasileiro planeja expandir a exploração de petróleo em áreas ambientalmente sensíveis, como a Amazônia. Com isso, busca elevar sua posição de 9º para 4º maior produtor de petróleo do mundo.
Lançamento do Fundo “Florestas para Sempre”
Durante a COP28, o Brasil anunciou a criação de um fundo global destinado à conservação das florestas tropicais, com o objetivo de angariar 250 bilhões de dólares de fundos soberanos.
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Embora os detalhes operacionais do fundo ainda não estejam claros, ele visa compensar 80 países com florestas tropicais pelo esforço de manter essas florestas preservadas. A compensação seria um valor fixo anual por hectare conservado ou restaurado.
O fundo, nomeado “Florestas Tropicais Para Sempre“, busca preencher uma lacuna nos mecanismos de financiamento atuais. Enquanto a maioria dos recursos existentes se concentra em pagamentos por captação de carbono ou provisão de serviços ambientais, este novo fundo propõe um modelo simplificado de monitoramento e compensação pela conservação das florestas.
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