Em uma iniciativa conjunta, 25 entidades de defesa dos direitos dos povos indígenas, incluindo nomes de destaque como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Articulação de Povos e Organizações Indígenas do Amazonas, emitiram um comunicado urgente para os presidentes dos oito países que possuem territórios na região Amazônia. A solicitação principal é a elaboração de um plano emergencial para lidar com as secas extremas que a região vem enfrentando, já evidenciadas pela redução drástica no volume de seus principais rios.
O comunicado, redigido tanto em português quanto em espanhol, destacou: “A Amazônia, nosso lar ancestral, enfrenta uma seca sem precedentes que ameaça nossa subsistência e o equilíbrio ambiental global”. Além dos líderes dos países amazônicos, a mensagem também foi direcionada a figuras internacionais como o presidente da França, Emmanuel Macron, e a secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), María Alexandra Moreira. A inclusão de Macron se justifica pelo Parque Amazônico da Guiana Francesa, maior parque da França e da União Europeia, que abrange impressionantes 41% da região da Guiana Francesa, um enclave europeu em solo sul-americano.
As lideranças dizem que falta água água potável para beber e fazer os alimentos, o que provoca doenças como diarreia (Foto Odair Leal/Amazônia Real)
As entidades ressaltam o impacto direto da seca no modo de vida dos povos indígenas, que têm forte dependência dos recursos alimentares provenientes da fauna e flora locais. Esta dependência está sendo seriamente comprometida devido à diminuição no volume das águas dos rios. O fenômeno climático, de acordo com as associações, pode ser atribuído a fatores como a exploração mineira, expansão agrícola e mudanças climáticas em geral.
O documento não apenas aponta os problemas, mas também sugere soluções. No topo da lista de medidas propostas, destaca-se a aplicação das resoluções acordadas na Cúpula da Amazônia. Esse encontro internacional, realizado em Belém no último mês de agosto, contou com a presença de representantes dos oito países com território na Amazônia. Durante a cúpula, houve consenso sobre a importância de proteger os territórios indígenas como estratégia crucial para a preservação do bioma.
Os olhos do mundo estão voltados para a Amazônia, e a ação conjunta desses países é esperada como uma resposta necessária para salvaguardar não apenas os direitos e modos de vida indígenas, mas o próprio equilíbrio do ecossistema global.
As entidades não apenas destacam a necessidade urgente de planos para lidar com a seca, mas também apresentam reivindicações claras para a proteção dos recursos hídricos e biodiversidade da Amazônia.
Entre as demandas apresentadas, o comunicado pede:
- Definição clara de políticas de proteção aos recursos hídricos: As entidades solicitam políticas robustas e transparentes que garantam a conservação dos mananciais amazônicos.
- Combate rigoroso ao desmatamento: Além da prevenção, as entidades requerem estratégias para a recuperação de áreas já afetadas.
- Desenvolvimento sustentável das cidades amazônicas: Propõem que as cidades da região adotem práticas que reduzam a poluição e promovam um desenvolvimento que não intensifique a demanda sobre os recursos da floresta.
As reivindicações não são apenas um pedido de ação, mas também um alerta sobre a preciosa biodiversidade da Amazônia e sua vitalidade para o equilíbrio climático global. Os signatários do documento enfatizam: “A Amazônia, com sua biodiversidade única e sua contribuição para o equilíbrio climático global, é um tesouro que não podemos perder. Ações imediatas e decisivas são essenciais para a sua sobrevivência e para preservar o legado dos povos indígenas da Amazônia.”
A pressão agora recai sobre os líderes dos países amazônicos. O mundo observa ansiosamente, esperando que medidas concretas sejam tomadas para garantir a preservação desse ecossistema insubstituível e dos povos que nele habitam.
Confira a íntegra do documento:
*Com informações de CONGRESSO EM FOCO
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