O programa “Elos da Amazônia”, promovido pelo Idesam e PPBio, com apoio do Partnerships for Forests (P4F), impulsiona a bioeconomia na Amazônia ao fomentar negócios inovadores e sustentáveis, abrangendo desde a produção artesanal de óleos até soluções tecnológicas para a cadeia de alimentos.
Os desafios da bioeconomia na região amazônica são multifacetados. A criação de uma economia inovadora que contemple um modelo equitativo para entidades sociais requer soluções baseadas em pesquisa e inovação. Nessa jornada para encontrar colaboradores que compartilhem dessa visão, o Idesam tem estabelecido conexões e estratégias para otimizar a aplicação de recursos. Esse esforço foi evidenciado quando o apoio do programa Partnerships for Forests (P4F), financiado pelo governo britânico, incentivou 15 negócios focados na bioeconomia amazônica em um ano.
Parcerias e engajamento
Através das iniciativas ‘Elos da Amazônia’ em 2021 e 2022, associadas ao Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), o Idesam formou alianças valiosas, como com o movimento Uma Concertação pela Amazônia. Isso ampliou o escopo nacional na busca por projetos voltados à valorização da floresta amazônica. O projeto contou ainda com a colaboração do Fundo Vale e Aliança pela Restauração na Amazônia.
Ao longo das quatro edições, 247 projetos foram apresentados, abrangendo 20 estados e mais de 50 cidades brasileiras. As submissões variaram desde conceitos teóricos até protótipos tecnológicos em fase de validação de mercado.
Paulo Simonetti, gerente do Idesam, elucidou:
“Os projetos Elos da Amazônia visaram identificar e converter obstáculos em oportunidades de negócios. As iniciativas de maior potencial foram aquelas que apresentaram soluções aos desafios identificados, com vistas a estabelecer novos empreendimentos, incrementando a produtividade e valorizando os produtos da sociobiodiversidade amazônica. Importante mencionar que todos os projetos selecionados receberam suporte técnico para sua implementação e lançamento no mercado.”
Foram produzidos não apenas projetos, mas também publicações técnicas, agora acessíveis na biblioteca do Idesam. Esses documentos abordam temas como a cadeia produtiva da Castanha-do-brasil, do açaí no Amazonas e a Restauração Florestal na Amazônia.
Esses trabalhos fazem parte do projeto “Destravando Investimentos Florestais via Programa Prioritário de Bioeconomia – PPBio”, que é patrocinado pelo Partnerships for Forests (P4F), uma iniciativa de seis anos do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
Inovação e tradição na prática
Com sua proposta aprovada, a startup Inova Manejo rejuvenesceu sua missão de valorizar a produção artesanal de óleos resinosos de comunidades locais em diferentes localidades do Amapá. Em colaboração com a Embrapa-AP, está sendo desenvolvido um projeto que foca na extração de óleo das sementes de pracaxi e andiroba na região estuarina do Amapá.
A implementação da nova prensa teve um impacto significativo ao aprimorar a qualidade e a pureza do óleo produzido. Originalmente construída com madeira, a prensa era suscetível à contaminação por micro-organismos. No entanto, com a integração de uma chapa de aço inox e um macaco hidráulico, a extração produziu um óleo de superioridade físico-química, evidenciada por amostras e análises.
O pracaxi, cujo óleo é usado como anti-inflamatório, antiveneno e cicatrizante, tem uma longa história cultural de produção nas comunidades, atingindo duas toneladas anualmente no Amapá, conforme estatísticas da Embrapa.
Daniele Alencar, co-fundadora da Inova Manejo, destaca: “Em um mercado crescente de óleos essenciais, este projeto é crucial para ajudar as comunidades a extrair o óleo de acordo com padrões de boas práticas, elevando seu valor. Essa atividade, predominantemente feminina, beneficia cerca de 300 pessoas.”
Sobre a Inova Manejo e desafios logísticos
A Inova Manejo nasceu das mãos de pós-graduandos e pesquisadores do Amapá, especializados em promover inovações florestais e socioambientais de forma sustentável.
Implementar tais projetos na Amazônia, contudo, não está isento de desafios, especialmente logísticos. A maioria das viagens exige transporte por rios, alguns durando até quatro horas, como no caso da comunidade Limão do Curuá. Alencar relata a complexidade da preparação para essas visitas, que inclui a aquisição de suprimentos e equipamentos, detalhando que o projeto está previsto para concluir em janeiro de 2024.
Um elemento central desses projetos é a rastreabilidade, um critério chave para a seleção pelo PPBio. Uma vez selecionados, os projetos são continuamente monitorados e os participantes recebem treinamento para desenvolver seus modelos de negócios. Todos os fundos são auditados para assegurar a transparência e a integridade na implementação das políticas públicas.
Inovações em diversas cadeias
A colaboração entre Idesam e P4F se estende a inovações em diversas áreas. Na cadeia da Castanha-do-Brasil, foi introduzida uma plataforma que rastreia a origem dos produtos e o uso do ouriço para a fabricação de bioplástico. Na cadeia do Açaí, um software foi desenvolvido para gerenciar digitalmente coletas e custos, além da transformação do fruto em pó, otimizando seu valor nutricional e facilitando o armazenamento e transporte. Já na cadeia de restauração florestal, destaca-se a produção de embalagens biodegradáveis a partir da fécula de mandioca com resíduos agroextrativistas.
Em 2021, a primeira chamada Elos da Amazônia focou na cadeia do açaí. Esse chamado revelou que empreendedores e pesquisadores de todo o Brasil possuíam ideias inovadoras para superar desafios na produção. As edições subsequentes abordaram as cadeias de Castanha-do-Brasil e Óleos Vegetais, e a última focou na restauração florestal, buscando soluções com benefícios holísticos.
Impacto da parceria
A colaboração resultou em:
- 15 projetos: com 7 em desenvolvimento, 6 em formalização, e 2 concluídos.
- 10 foram obtidos através da chamada Elos da Amazônia, enquanto 5 foram captados diretamente.
- O fomento se estendeu a 4 diferentes cadeias.
- 9 foram realizados por startups e 6 por ICTS.
Visão geral do P4F
O Partnerships for Forests (P4F) é uma iniciativa do governo britânico que apoia negócios florestais sustentáveis em ecossistemas tropicais globalmente. Na América Latina, está presente em países como Brasil, Colômbia e Peru, sendo implementado por Palladium e Systemiq. O programa busca fortalecer parcerias entre comunidades, setores privado e público, e investidores, com mais de 35 iniciativas em seu portfólio, incluindo o PPBio.
Para detalhes adicionais sobre os resultados do PPBio, clique aqui.
Com informações do Idesam
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