Em artigo polêmico, Amon Mandel criticou o governo Lula por falhar na efetivação de políticas públicas para com os indígenas, apontando falta de representatividade e uso da pauta para fins eleitorais.
O deputado Amon Mandel, em artigo ao portal Poder360 nesta semana, se posicionou de maneira bastante crítica a uma postura muito comum na política brasileira de utilização de pautas sensíveis – no caso, a dos povos indígenas – como uma “retórica vazia” utilizada como ferramenta de campanha “do presidente ao vereador” – no caso, ressaltou o mais importante dos políticos, o presidente Lula.
Ele se aprofunda na distância entre as promessas feitas pelos políticos e a realidade enfrentada pelos povos indígenas, e critica o que chama de “pragmatismo de Lula“, sugerindo que os interesses políticos (governabilidade) muitas vezes prevalecem sobre as necessidades das comunidades indígenas. Questões como “conflitos fundiários, exploração de recursos naturais, negligência na saúde e educação, exposição às mudanças climáticas e discriminação” são destacadas como problemas persistentes.
Segundo ele, tais problemas envergonham o Brasil perante a comunidade internacional e dificultam o fechamento de acordos como o entre Mercosul e União Europeia, que está há anos engasgado com alegações de falhas no cumprimento de acordos climáticos e ambiental pelo Brasil – sobre esse cenário, o presidente Lula se pronunciou recentemente colocando a postura dos Europeus como demagógica pelo fato do Brasil ser muito superior nos indicadores ambientais, apontando a existência de um “neocolonialismo verde”.
“Não nos Representa”
Ao mencionar Clóvis “Curubão”, prefeito de São Gabriel da Cachoeira, o município “mais indígena do Brasil”, o deputado Amon toca em um tema sensível enquanto não deixa de ressaltar que suas opiniões são polêmicas e não unânimes : a representatividade dos povos indígenas no governo. “Não nos representa” e “me mandou calar a boca” são as expressões usadas por Clóvis ao falar sobre Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas. O deputado sugere que Guajajara “não representa os indígenas na sua totalidade e, pior ainda, mesmo que quisesse representar, não teria condições políticas para tal”.
Burocracia e ineficiência
O deputado acusa o governo federal de não fornecer “todas as condições possíveis para que o ministério de Guajajara operasse com máxima eficiência”. Amon também critica o PT, afirmando que as “ações judiciais comprovam” de 2013 que o partido tinha conhecimento da gestão inadequada de programas sociais nas comunidades indígenas. A crítica se estende ao Congresso Nacional por reprimir a atuação dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, algo que, segundo o deputado, foi até comemorado por congressistas petistas – no contexto da reforma ministerial votada pela Câmara retirando pastas e poderes dos ministérios do governo e voltando para a configuração do governo anterior.
Destacou também que embora haja a manifestação de preocupação na defesa das comunidades indígenas – nos prematuros e incipientes 8 meses de governo, no íntimo da dinâmica estatal exista um descompasso forte que dificulta a real funcionalidade de políticas públicas em benefício dos povos indígenas.
O deputado – numa tentativa meio descabida de comparar o incomparável – aponta que esses problemas do governo acontecem após Lula criticar Bolsonaro pela crise humanitária dos Yanomami que aconteceu por inações e omissões políticas do governo de Jair Bolsonaro.
A necessidade de ações efetivas e sustentáveis
O Amon Mandel conclui seu texto com uma chamada urgente para ação, apoiada por dados do relatório “Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil”, que registra a morte de 149 crianças indígenas em 2021 em Roraima. Ele afirma que o “respeito aos direitos indígenas, a consulta prévia e o comprometimento ativo com suas necessidades devem ser a base para ações governamentais efetivas, contínuas e sustentáveis”.
Em um país marcado por complexidades políticas e sociais, o artigo do deputado joga luz sobre as nuances da representação indígena no governo e a necessidade de se ir além da retórica para abordar os desafios reais que essas comunidades enfrentam. A discussão que ele levanta ressalta a importância de um debate mais amplo e transparente sobre como os povos indígenas são representados e, mais crucialmente, como suas necessidades urgentes podem ser adequadamente atendidas.
Confira o artigo na íntegra no portal Poder360
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