Pesquisas de grandes varejistas tem identificado uma mudança no perfil dos usuários de e-commerce, e isso tem dado o tom em novas políticas das marcas que se preocupam de fato com o impacto ambiental de seus produtos e negócios. Veja mais o que foi exposto em evento nessa semana em Manaus.
O atual cenário do mercado consumidor tem sido marcado por uma mudança qualitativa no perfil do público. Enquanto na Europa essa tendência já existe há mais tempo e com maior peso, dados recentes vem apontando que é crescente a preocupação do público com a origem e as consequências que a cadeia de produção e consumo tem em relação ao planeta, pessoas e biodiversidade.
Nove em dez pessoas que fazem compras online estão atentas ao impacto ambiental causado pelas suas escolhas. O público considera questões como aquecimento global (41%), contaminação da água (37%), esgotamento dos recursos naturais (35%) e a crescente escassez de água (35%). Esta recente pesquisa feita com os usuários do Mercado Livre evidencia o crescente espaço para produtos sustentáveis no mundo do e-commerce.
Bioeconomia em debate no ‘Meetup Acelera’
Focado no tema ‘Conquistando Grandes Mercados: Estratégias para Aproximação Efetiva e Expansão da sua Marca’, o ‘Meetup Acelera – edição Bioeconomia’ trouxe este assunto crucial para discussão entre os principais stakeholders da Amazônia – com colaboração entre Idesam, Impact Hub Manaus e Fundação Rede Amazônica, o evento foi realizado no Impact Hub Manaus, e teve também transmissão online:
No encontro, Laura Motta, estrategista de Sustentabilidade do Mercado Livre no Brasil, e Paula Gabriela Monteiro, da Bemol Farma, compartilharam insights significativos.
O mercado exige sustentabilidade
Laura Motta apresentou dados que reforçam a crescente demanda por produtos sustentáveis. Ela destacou características importantes que os consumidores buscam, como durabilidade (40%); origem certificada e socialmente responsável (39%); proteção à biodiversidade (34%); e fabricação com materiais reciclados ou biodegradáveis (33%). Setores como cuidado pessoal, bem-estar e alimentação têm visto crescimentos significativos neste aspecto.
Motta ressaltou iniciativas como ‘Biomas a um Clique’, que foca em itens sustentáveis e ajuda na valorização e preservação de biomas como a Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.
Interagindo com marcas responsáveis
Por outro lado, Paula Gabriela Monteiro destacou a transformação no comportamento do consumidor. Ela apontou que em 87% das situações, os consumidores desejam interagir mais significativamente com as marcas, especialmente quando influenciadores promovem ações ambientalmente conscientes relacionadas a elas.
Para responder a essa demanda, Bemol introduziu uma tag específica em seu site, priorizando produtos oriundos da Amazônia, realçando o compromisso da marca com a sustentabilidade.
Desafios e oportunidades na logística de produtos sustentáveis
Empresas na região amazônica enfrentam desafios logísticos ao lidar com produtos de origem sustentável. No entanto, estas barreiras também abrem portas para soluções inovadoras e colaborativas.
Uma das pautas discutidas no evento foi a questão logística para a cadeia produtiva de óleos vegetais. Tanto no transporte de matérias-primas dentro da região amazônica quanto para áreas externas, os desafios são significativos.
No encontro, personalidades relevantes do setor compartilharam suas experiências e perspectivas. Soon Hee Han (Suni), da empresa de biocosméticos Amakos; Louise Lauschner, do Idesam; e Anderson Vasconcelos, da Inova Manejo, trouxeram ao debate visões práticas e soluções potenciais. Vale ressaltar que todos estes negócios emergiram do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), uma política da Suframa focada no estímulo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
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Louise Lauschner destaca que, mesmo frente a desafios oriundos de responsabilidades públicas, é essencial reavaliar as estratégias. Relembrando a logística praticada no período da borracha, ela incentiva um novo olhar sobre o que pode funcionar hoje. A questão logística deve ser considerada como parte essencial do negócio.
A força das parcerias e do localismo
Anderson Vasconcelos valoriza a colaboração, revelando que a formação de parcerias tem sido vital para seu negócio. Atualmente, ele se concentra em facilitar a extração do óleo de pracaxi na comunidade do Limão, no Amapá.
Por outro lado, Suni vê os desafios logísticos como oportunidades. Apesar da distância dos principais mercados consumidores, estar próximo dos fornecedores traz vantagens. A colaboração com a Inatú e o apoio do ecossistema amazônico são essenciais para ela. “O que estamos propondo tem valor e não é pouco”, afirma.
Próximos passos para a bioeconomia amazônica
O Meetup Acelera – edição Bioeconomia planeja uma série de eventos para os próximos meses com o objetivo de unir inovação, negócios e desenvolvimento sustentável.
Agenda até dezembro
A programação do Meetup Acelera segue ativa com mais quatro eventos previstos até o fim do ano. A diversidade de tópicos abordados vai desde inovações em unidades de conservação até estratégias de lançamento de produtos e formação de parcerias. A missão é estabelecer pontes entre a comunidade inovadora, experiências criativas, negócios locais e as cadeias produtivas incentivadas da Amazônia.
Reflexão sobre história e futuro
Paulo Simonneti, gerente do PPBio e representante do Idesam, ressalta a longevidade da exportação de óleo desde os tempos coloniais. Ele argumenta que a continuidade dessa tradição, agora refletida no e-commerce, está profundamente enraizada na cultura brasileira. Para ele, o desafio é adaptar essa prática histórica para valorizar as comunidades produtoras, superar obstáculos logísticos e, por meio da inovação, contribuir para a preservação da floresta.
Marcos Rocha, gestor do Impact Hub Manaus, aponta que a iniciativa visa entender e promover negócios que reforcem a economia local e regional. Há um esforço para conectar indivíduos e empresas que atuam isoladamente, reforçando o espírito de colaboração e unidade no projeto.
A diretora administrativa da Fundação Rede Amazônica, Márcia Lyra, sugere que o desafio de acelerar a bioeconomia é tão vasto quanto a própria Amazônia. Discutir bioeconomia e buscar maneiras de conectar a região são tarefas hercúleas, mas necessárias. Lyra vê nos próximos eventos uma oportunidade vital para avançar nesses assuntos.
Com uma visão conjunta e integrada, os próximos meses prometem uma profunda discussão e ação em prol da bioeconomia sustentável da Amazônia.
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