A iniciativa de descarbonização promete movimentar entre R$ 5-10 bilhões em investimentos e introduzir biodiesel como alternativa à geração térmica fóssil.
Na sexta-feira (4/8), o governo Lula, do PT, lançou o Programa de Descarbonização da Amazônia. A iniciativa surge como uma tentativa de substituir a dependência da região por geração a óleo para atender as populações em regiões de sistemas isolados ou com acesso precário ao sistema nacional de energia.
A cargo do atual ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, o programa pretende movimentar entre R$ 5-10 bilhões em investimentos. Silveira tem, desde junho, apresentado a proposta a delegações internacionais que visitam o Brasil, como França e Emirados Árabes, além de incluir na agenda do grupo de trabalho com o BNDES.
Biodiesel e universalização do acesso à energia
A iniciativa propõe uma parte do programa voltada para a universalização do acesso à energia, especificamente na Amazônia Legal. Segundo o MME, há 211 localidades ainda não conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Nessa proposta, há convergência com iniciativas já implementadas para ampliar o fornecimento de energia em cidades amazônicas, como o Luz para Todos e o Mais Luz para a Amazônia. Contudo, a diferença fundamental está na inserção do biodiesel como alternativa à geração térmica fóssil, enquanto o foco do Luz para a Amazônia é a instalação de painéis solares.
Desafios e oportunidades na geração de energia renovável
Atualmente, estima-se que seja necessário atender 219 mil unidades consumidoras, em áreas remotas da Amazônia Legal, distribuídas entre os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Tocantins e Maranhão.
De acordo com um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), essa demanda por geração de energia local e renovável pode chegar a seis milhões de módulos fotovoltaicos e mais de cinco milhões de baterias até 2030.
Aposta no biocombustível
A inclusão do biodiesel no programa de energia pode reduzir a demanda por painéis e baterias, ao mesmo tempo em que aproveita a produção local de biocombustível a partir de óleo de palma. O grupo BBF, que já opera em estados na região, se apresenta como uma oportunidade nesse cenário.
O grupo possui 38 usinas termelétricas na região, com capacidade total de 238 MW e estima que o biocombustível substitua 106,4 milhões de litros de diesel fóssil por ano. Atualmente, 25 usinas estão em operação com capacidade de gerar 86,8 MW, atendendo 140 mil pessoas.
O Futuro do programa e a Cúpula da Amazônia
A atuação do programa na região do Pará, no entanto, tem enfrentado conflitos com comunidades locais, o que gera desafios no cálculo de quão “justa” será essa transição.
A questão ganha relevância nos próximos dias, quando, de 8 a 9 de agosto, Belém, no Pará, recebe os governos dos países da OTCA (Organização para o Tratado de Cooperação da Amazônia). O objetivo do encontro é construir uma agenda de proteção das florestas, combate ao crime e exploração sustentável da biodiversidade.
Financiamento dos bancos
Além disso, a Stand.earth, uma organização sem fins lucrativos com escritórios no Canadá e nos Estados Unidos, divulgou recentemente um ranking com os bancos que mais injetaram dinheiro na extração de petróleo e gás da maior floresta tropical do mundo. JPMorgan Chase e Citigroup lideram a lista, seguidos pelo brasileiro Itaú Unibanco.
Em suma, o Programa de Descarbonização da Amazônia representa uma nova fase na política energética brasileira. Mas apenas o tempo mostrará se seus objetivos serão atingidos e quais serão seus efeitos sobre as comunidades locais e o meio ambiente.
Com informações da EPBR
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