Empresas e indivíduos ligados ao agronegócio e ao garimpo ilegal podem ter incentivado atos golpistas em Brasília, aponta agência de inteligência, Abin
Relatórios recentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) indicam uma possível ligação entre transportadoras, proprietários de caminhões e empresas suspeitas de envolvimento com o garimpo ilegal nos atos golpistas de 8 de janeiro. As informações, inicialmente divulgadas pelo jornal “Folha de S.Paulo”, foram confirmadas pela GloboNews.
De acordo com os documentos, 272 caminhões foram identificados em Brasília após as eleições de novembro de 2022, nas quais Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou Jair Bolsonaro (PL). Metade desses veículos pertencia a empresas, enquanto o restante estava registrado em nome de pessoas físicas, sócias de empresas de médio porte do setor agropecuário.
A Abin relatou que ao menos 12 empresas possuíam mais de um caminhão presente no acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. A agência interpretou esse dado como um indício de que os atos podem ter sido incentivados por certos grupos econômicos, em vez de apenas caminhoneiros autônomos.
Aumento de risco potencializado
A entrada desses caminhões em Brasília ainda em novembro do ano passado, sem resistência das forças de segurança, “potencializou” o risco de invasão às sedes dos Três Poderes em janeiro deste ano, segundo a Abin. A agência também apontou uma conexão entre esses manifestantes e aqueles que invadiram a Esplanada dos Ministérios às vésperas do 7 de setembro de 2021, quando barreiras foram derrubadas na tentativa de cercar o Supremo Tribunal Federal (STF).
Ligações com o crime ambiental
O órgão também produziu um parecer sobre a relação dos atos golpistas com o garimpo ilegal. Enric Juvenal da Costa Lauriano, um lobista pró-garimpo, é citado nos relatórios como alguém que ajudou a promover canais de financiamento dos movimentos golpistas. Uma escavadeira apreendida em 2022 na Terra Indígena Kayapó estava registrada em seu nome, afirmam os agentes.
O meio de financiamento divulgado por Lauriano seria um Pix em nome de uma empresa de informática pertencente a Ricardo Pereira Cunha, que também é proprietário da Mineração Carajás Limitada. Pereira foi citado por George Washington de Oliveira Souza, um dos envolvidos na tentativa de explosão de uma bomba perto do aeroporto de Brasília.
As tentativas de contato com Lauriano e Pereira pela GloboNews não obtiveram resposta. A Abin informou que não comentaria os relatórios.
Com informações do G1
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