Quando se conseguir que todos os motoqueiros de delivery, todos os professores doutores das universidades, todos os catadores de resíduos sólidos e todos os plantadores de macaxeira, estejam discutindo a ZFM, se estará fortalecendo o Primeiro Elemento de suas atividades, replicando e produzindo níveis crescentes de resultados em benefício próprio.
Por Juarez Baldoino da Costa
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A ZFM representa o Primeiro Elemento, o que iluminou o caminho seguido pelo Amazonas para o funcionamento contemporâneo de sua sociedade desde 1967, e por isso se fala e se escreve tanto sobre a Zona Franca de Manaus. Figurativamente, este Primeiro Elemento é uma analogia ao fósforo, “Fonte de Luz” em grego, descoberto pelo alemão Henning Brand em 1669 e batizado de Primeiro Elemento da Tabela Periódica de Química, e que “iluminou” o caminho no qual se seguiram todos os outros, originando seu batismo científico como Primeiro Elemento.
Temas fundamentais como educação e saúde, e temas importantes como cultura e qualidade de vida, entre outros, todos eles, sem exceção, precisam de base estrutural para se tornarem disponíveis e o Primeiro Elemento ZFM é indissociável deste processo. Esta base estrutural é composta pelo território e pelos recursos reunidos e manipulados pela sociedade em seu benefício, nas condições que o território oferece.
Estes recursos foram e têm sido gerados e realimentados no formato econômico de espiral crescente, tendo como vetor o investimento livre e privado na ZFM, nas áreas agroindustrial, comercial e industrial, e esta última permitindo ainda o fomento em pesquisa e inovação, a promissora e mais recente derivada do sistema.
Quando se conseguir que todos os motoqueiros de delivery, todos os professores doutores das universidades, todos os catadores de resíduos sólidos e todos os plantadores de macaxeira, estejam discutindo a ZFM, se estará fortalecendo o Primeiro Elemento de suas atividades, replicando e produzindo níveis crescentes de resultados em benefício próprio.
As aulas de Jazz do SESI-AM e a Assistência Técnica do IDAM – Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas, são frutos deste Primeiro Elemento, assim como os restaurantes de primeira linha de Manaus e o crescente aparelhamento de motores rabeta para as canoas iterioranas. A ZFM é a tomada à qual está ligada toda a rede microeconômica amazonense. Das trevas de 1967 às lâmpadas LED de 2022, o Amazonas vem se iluminando por ela.
Por esta dimensão, se conclui é que se discute e se escreve ainda muito pouco sobre a ZFM; o fósforo pode apagar. O grave é que mesmo sendo um essencial Primeiro Elemento, sua segurança jurídica não tem merecido a atenção necessária, observando-se as medidas desfavoráveis que têm sido tomadas ao longo do tempo e que afetam seu espectro de atratividade.
Esta situação de fragilidade é detectada também nas campanhas eleitorais bienais, nas quais os recursos que sustentarão todas as propostas feitas pelos candidatos são baseados exclusivamente na capacidade de geração destes recursos pelo Primeiro Elemento ZFM, mas que, quanto à ela, apenas se promete “lutar pelo seu fortalecimento” sem que seja apresentado qualquer plano e sem citar quais são as armas. “Correr para Brasília” quando se consumam atos danosos tem sido a marca da luta, e sempre com o mesmo e repetitivo discurso. Que sucesso esperar apenas torcendo para que as medidas não venham, sem se tomar o protagonismo?
Os investidores são o Segundo Elemento, que depende hierarquicamente de um Primeiro Elemento saudável para existir e florescer.
A inação dos vários agentes do sistema que em sua inoperância apenas assistem passivamente os atos que reduzem sua potencialidade, podem estar perpetrando um dos mais impactantes erros da história de existência da ZFM nos 106 anos, se ela os conseguir completar.
O saudoso poeta Thiago de Mello que versou: “Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar”, sempre esperava tranquilo e confiante pela certeza do fósforo do raiar do dia, porque ele não falha.
A ZFM não é uma poesia.
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