O fim da temporada seca na Amazônia e a perspectiva de mudanças na política ambiental federal a partir do próximo ano fizeram as motosserras trabalharem intensamente em setembro. Foram 1.455 km2 derrubados, uma área maior do que a cidade do Rio de Janeiro, como fala reportagem do UOL, e recorde do mês desde 2015, quando começou o registro pelo sistema DETER/INPE. O número é 47,7% mais alto do que o de setembro do ano passado e similar ao do primeiro ano de Bolsonaro (1.454 km2 nesse mês de 2019), conforme reportado por CBN, CNN e Poder360.
Ao comentar os números na Folha, o repórter Phillipe Watanabe traz um pouco do histórico de destruição no bioma que nos trouxe ao quadro atual, como as ações antiambientais do presidente Bolsonaro, a fala do ex-ministro e agora deputado federal eleito Ricardo Salles sobre “passar a boiada” no Congresso e o processo de “cupinização” das estruturas institucionais que deveriam zelar pela floresta, como disse a ministra Cármen Lúcia, do STF.
No Estadão, André Borges faz um alerta: a situação pode piorar até o fim do ano. O atual presidente pode encerrar seu governo com 47 mil km2 de desmatamento na Amazônia, um número 60% maior do que o registrado nos quatro anos anteriores, durante os governos de Michel Temer e Dilma Rousseff. É o ápice de um processo que levou o Brasil a perder 320,7 mil km2, ou um Maranhão inteiro, de vegetação florestal em duas décadas, segundo dados do IBGE publicados pela Folha.
Amazônia Legal e Desmatamento
Em tempo: A sensação de impunidade alimentada pelo governo Bolsonaro aos ilícitos ambientais rendeu votos no primeiro turno das eleições presidenciais. É o que mostra análise feita pela iniciativa MapBiomas a pedido do jornal O Globo: na Amazônia Legal, o candidato à reeleição venceu nos municípios que concentram 70% do desmatamento realizado nas últimas três décadas.
Para o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, “para quem ocupa a terra de forma predatória, há um entendimento equivocado de que o bom é ter no governo quem deixa o desmatamento rolar solto. Mas isso tem um impacto: diminui a floresta e as chuvas, e no futuro afeta todos nós”.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
Comentários