Conversamos com Nik Sabey, do Novas Árvores por Aí, que indicou espécies para plantio e falou a importância do plantar
O Dia da Árvore foi celebrado em 21 de setembro, mas a verdade é que não existe uma única data para plantar árvores e cuidar bem das que já estão na terra, trazendo tantos benefícios para a gente e para o planeta.
Esse é o trabalho de Nik Sabey, que está à frente do Novas Árvores por Aí, iniciativa que existe desde 2012. Com o slogan “Verde não era, verde ficou”, a ideia é “reflorestar o mundo, começando com a aqui de casa, com o canteiro central, com a praça, com o parque. Uma por uma espalhando novas árvores por aí”.
Mas, plantar uma árvore pede alguns cuidados, como a escolha das espécies corretas para cada clima e região. O ideal é pesquisar quais são as espécies nativas do bioma em que estamos. Se vamos reflorestar uma área, nada melhor do que ter como ponto de partida a floresta que já esteve no lugar, mesmo que há muito tempo atrás. “Existem árvores incríveis da Mata Atlântica que são desconhecidas”, garante Nik.
“As árvores nativas são muito mais adaptadas ao seu meio, evoluíram neste espaço e tem uma conexão muito forte com outras espécies, de fauna e de flora. Muitos animais dependem da presença de árvores nativas, por exemplo”, explica Nik. “Em contrapartida, o plantio de árvores exóticas pode trazer um desequilíbrio ambiental, uma vez que muitas destas espécies se comportam de maneira invasora, tomando o espaço da vegetação nativa, as vezes em grande velocidade”.
Para quem mora em São Paulo ou em outras cidades que ficam dentro do bioma da Mata Atlântica, Nik separou algumas sugestões de árvores para plantio. Confira!
1. Manacá da serra
“Cresce rápido, é linda e tem uma floração estonteante, que atrai polinizadores e leva as abelhas à loucura.”
2. Cambuci
“Uma frutífera que poucas pessoas conhecem. O cambuci tem o formato de disco voador e um sabor bem diferente.”
3. Jatobá
“É uma árvore imponente, majestosa, mas é uma opção só para quem tem muito espaço. Também não deixa de ser uma árvore que dá frutos, já que podemos comer a farinha do jatobá.”
4. Copaíba
“Um clássico da Mata Atlântica, uma árvore maravilhosa e forte, com uma brotação rosada e avermelhada que se destaca bastante. Tem também o óleo da copaíba, com propriedades medicinais. É uma árvore grande, de crescimento lento.”
5. Juçara
“Uma palmeira, tipo de árvore que muita gente gosta. Uma árvore super elegante e que dá alimento para um monte de pássaros. O crescimento também é lento e a rega tem que ser abundante. Uma opção para quem puder, é plantar perto de rios ou córregos.”
6. Araçá
“Uma outra árvore frutífera. Existem várias variedades de araçá, que é a goiaba da Mata Atlântica. Uma fruta gostosa, que dá em boa quantidade e também serve de alimento para várias espécies de pássaros.”
7. Pau Fava
“Mais uma árvore com flor. O pau fava, também conhecido como fedegoso, tem uma flor de cor laranja ou amarelo gema. Ela floresce na mesma época que o manacá da serra, então se puder plantar as duas juntas, o resultado vai ser lindo.”
8. Embaúba
“Um clássico da Mata Atlântica que vive em simbiose com muitas outras espécies. As formigas vivem no oco do tronco da árvore, que também alimenta tucanos e bichos preguiça.”
9. Uvaia
“Mais uma árvore frutífera da Mata Atlântica que é pouco conhecida. Além de plantar a árvore, vale a pena experimentar a fruta e a sua geleia, que é uma delícia.”
10. Figueira
“Considerada a mãe de todas. A figueira tem um caráter sagrado, com muitas histórias em diversas culturas. Mas é uma árvore para quem tem realmente muito espaço, porque ela fica gigantesca. As figueiras nativas da Mata Atlântica são lindas, com raízes incríveis.”
Plantar é preciso
Além das dicas sobre espécies que podemos plantar, Nik compartilhou com o CicloVivo uma história pessoal, de uma árvore, entre as tantas que ele já plantou por aí. Que este depoimento sirva de inspiração para quem quer deixar nossas cidades e nossas vidas mais verdes!
“Um pé de flor, Mirindiba
Faz uns 6 anos que ela foi plantada pela prefeitura em frente da nossa casa. Antes dela, tínhamos uma Aroeira Salsa que caiu com um vento forte.No dia em que plantaram ouvi de longe uma conversa entre a vizinha e o funcionário da prefeitura: “Moço, está árvore é um pé de quê?” A resposta veio rápido meio sem interesse na pergunta: “Pé de nada”. A vizinha se contentou com a resposta atravessada e seguiu caminho. Porém me deixou pensando.
Pé de nada não era. Pé de muita coisa. Pé de folha, pé de galho, pé de flor. No caso estamos falando de uma Mirindiba. Árvore nativa da nossa Mata Atlântica, porte grande, mas não gigante. Madeira boa, daquela que é boa pra ficar lá mesmo. Servindo de corpo e apoio pra ela e pra quem tá com ela.
Voltando pra esta Mirindiba. Depois destes 6 anos ela floresceu. Lindas as flores. Não são de cor vibrante como os Ipês, nem volumosas como uma Paineira, mas tem um formato único e muita beleza. Se antes a Mirindiba já atraia um monte de outros seres, em flor este número aumentou muito. Abelhas e outros polinizadores, muitos pássaros mas principalmente muitos morcegos.
No comecinho da noite sentávamos nós 3, eu e filhos, para ver a dança deles em volta das flores. O morcego é um importante polinizador e dispersor de sementes, além de também equilibrar a população de insetos. Ser dispersor significa dizer que o animal come os frutos e espalha sementes.
A gente ficava lá curtindo um verdadeiro show. Celebrando essa movimentação tão cheia de encontro, uma cena definitivamente cheia de encanto. É incrível ver a precisão na evolução destas duas espécies.
A dinâmica das árvores é impressionante. Ela não tem como se deslocar, mas tem diversos recursos para chamar, atrair, convidar. Rica em muitos sentidos, generosa em todos.
Por isso finalizo com o mantra: plantar é preciso!“
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Fonte: CicloVivo
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