Os “Duces” sempre nos prometem um mundo maravilhoso, sem sofrimento e costumam se oferecer como o Messias da salvação. Mas, tão logo entram no poder só enxergam seus próprios interesses, e o final é sempre trágico.
Por Farid Mendonça Júnior
______________________________
O mundo segue com transformações políticas intensas, desafiadoras e perturbadoras. Presidente atacando jornalistas no novo continente. Jornalistas e torcedores sendo racistas com atletas pretos na Europa.
Pessoas que supostamente deveriam dar exemplos de liderança, educação, civilidade e tolerância, destilam ódio e seus sentimentos mais primitivos. Muitas vezes não sentindo qualquer remorso de externalizar suas preferências por raça e cor, entre outras cegas paixões.
Sabe-se que a humanidade costumeiramente vive de ciclos, alternando entre ciclos mais conservadores e outros mais liberais.
Entretanto, o mundo parece não estar definindo uma certa tendência. Enquanto alguns países estão passando da direita pra esquerda, outros insistem fazer o caminho inverso, até atingir a extrema direita.
Ressalto antes de mais nada que há pontos, ideias e propostas positivas tanto na esquerda como na direita. E que o extremismo é que não é razoável.
Não causa estranheza a situação da Itália. Tão bela e tão confusa ao mesmo tempo. Tão histórica e tão corrupta e caótica na política.
A rica história vai desde assassinatos no Senado da antiga Roma (quando nem mesmo Itália era) até o surgimento de uma nefasta ideologia conhecida por fascismo, de onde surgiram outros movimentos ideológicos de ultradireita, tal como o nazismo alemão.
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2022/09/Nazifascismo-e1660335517790.jpg)
E assim o fascismo e o nazismo lideraram juntos o caos que se abateu sobre o mundo e e, em especial, na Europa, principalmente naqueles anos terríveis de 1939 a 1945, que marcaram a Segunda Guerra Mundial e que foram responsáveis pela morte de cerca de 50 milhões de pessoas.
Retornando para a Itália, neste domingo que se avizinha, o berço do Renascimento poderá eleger a primeira mulher como Primeira Ministra, algo louvável num país tradicionalmente machista. Entretanto, terrível ao mesmo tempo, haja vista o romance, na verdade a mais pura convicção, da quase iminente primeira Ministra, Giorgia Meloni, com a ideologia fascista.
Esta política já foi Vice-presidente do partido Aliança Nacional, o qual surgiu do partido neofascista Movimento Social Italiano, composto por apoiadores de Benito Mussolini, o outrora líder ou “Il Duce”, como era conhecido, do fascismo italiano, e parceiro de todas as horas de Adolf Hitler.
Hoje ela faz parte do partido Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália) desde 2012 e possui grandes chances de se tornar a nova primeira Ministra da Itália.
Se o partido difundisse a irmandade pelo sentido da palavra, tudo bem. Mas, sabe-se que há questionamentos sobre os direitos LGBT e política de imigração, defesa do ultranacionalismo, entre outras diversas pautas retrógradas, que já não cabem na diversidade cultural, sexual e libertária que a humanidade atingiu e tenta sustentar.
O fato é que esta pauta ultraconservadora e antiquada está presente no mundo todo, as vezes chegando a maioria de alguns países e por outras vezes alcançando percentuais entre 20 a 30% da população.
Isso representa grande ameaça para a liberdade e para os direitos duramente conquistados ao longo de séculos, e também para todas as instituições democráticas construídas com muita luta.
Recentemente, a população dos Estados Unidos conseguiu mandar “Il Duce” Donald Trump de volta pra casa. O Brasil, segundo as diversas pesquisas de intenção de voto, parece andar no mesmo caminho no sentido de despachar seu “Duce” do poder.
Infelizmente, a Itália parece estar fazendo o movimento oposto. E temo que em breve estaremos testemunhando pela televisão milhares de pessoas e cidadãos italianos deixando a bela Itália, num ritmo da canção Bella Ciao (música símbolo da resistência antifascista) com efeito inverso, devido aos arroubos autoritários que ocorrerão.
Na Rússia, o “Duce” deles em muitos aspectos e temas se parece muito com a pauta da ultradireita que anda arrebatando os corações mundo afora. E que infelizmente já mostra as garras do quão trágico isso pode representar, haja a vista a invasão da Ucrânia e as irresponsáveis bombas lançadas ao redor da maior usina nuclear da Europa, Zaporizhzhia, na Ucrânia. Inclusive, a Polônia já notificou a comunidade internacional de que já está se preparando para um desastre nuclear.
![Putin Duces](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2022/09/Putin-GETTY-IMAGES.jpg)
Além da convocação do “Duce” Putin de cerca de 300 mil pessoas para lutarem no esforço “individual” de guerra que o referido lunático criou a seu bel prazer, forçando milhares de russos a deixarem o país para não ter que perder suas vidas no front do egoísmo de um indivíduo.
Como diz o título do texto, Il Duce vive entre nós. Mas temos sempre que estar vigilantes para não deixá-lo crescer, e, caso ele esteja no poder, que então possamos arrancá-lo de lá na oportunidade que a democracia nos dá, se não for tarde demais.
Os “Duces” sempre nos prometem um mundo maravilhoso, sem sofrimento e costumam se oferecer como o Messias da salvação. Mas, tão logo entram no poder só enxergam seus próprios interesses, e o final é sempre trágico.
Vigiai os “Duces”!
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2022/08/Farid-Mendonca-Filho.jpg)
Comentários