A Amazônia é lugar de inspiração, de conhecimento e tecnologias ancestrais, que até hoje estão nos modos de fazer e viver da região. E as mulheres são grandes guardiãs desse conhecimento, salvaguardando e atualizando essas práticas para o presente. Foi pensando nesse contexto, que nasceu o projeto “Amazônia Que Inspira“.
Baseada na identificação de valores do território, a iniciativa é formada por mulheres amazônidas e de outras regiões, visando alavancar empreendimentos liderados por mulheres em comunidades tradicionais, valorizando os ativos socioeconômicos da cultura local. A ideia é construir espaços de co-criação para desenvolver produtos com o potencial de movimentarem a cadeia da bioeconomia.
Serão selecionados 20 empreendimentos que receberão aportes financeiros não-reembolsáveis para que as organizações escolhidas possam fortalecer sua atuação. Esse mecanismo de investimento terá como recorte seis cadeias produtivas da região do Tapajós, onde será realizado o piloto do projeto.
Desenvolvimento da Amazônia
O ciclo de desenvolvimento do Amazônia que Inspira ocorrerá durante nove meses. Durante esse processo, as contempladas terão acesso a treinamentos, mentorias e assessoria técnica, com a finalidade de dar suporte à construção de novos modelos de negócio. Com isso, uma das metas é construir redes de fortalecimento econômico para que as empreendedoras comunitárias possam distribuir sua produção nos mercados locais ou quem sabe até mesmo internacionais.
Outra fase da iniciativa, será uma pesquisa de campo, a ser realizada anteriormente ao treinamento. Este momento será dedicado à co-criação, quando as empreendedoras poderão opinar e contribuir, diretamente, com a concepção do treinamento a ser aplicado. O objetivo da pesquisa é desenvolver as narrativas, eleger métodos e temas, pautados nos interesses dos grupos, considerando os valores e a concepção de vida dessas localidades.
A primeira fase do projeto, apoiada via Fundo pela Amazônia da JBS, foi lançado, ontem, no dia 5 de setembro — Dia da Amazônia, quando serão dados os primeiros passos da pesquisa com: representantes do meio acadêmico, empreendedoras de comunidades tradicionais, designers, economistas, especialistas em inovação e outros profissionais que estarão acompanhando as demais fases.
“A ideia de uma pesquisa antecedendo a entrega principal do projeto visa justamente construir uma metodologia com pessoas e não para pessoas. Queremos mostrar a potência do empreendedorismo amazônico por negócios femininos em comunidades tradicionais que, certamente, tem muito a nos mostrar“, explica Mayra Castro, idealizadora do Amazônia Que Inspira e CEO da InvestAmazônia.
O projeto é desenvolvido pela empresa InvestAmazônia e o Instituto Mulheres do Brasil que trazem a junção de expertises em design de projetos e gestão. O formato idealizado terá uma estrutura replicável para qualquer região, pois é pautado em boas práticas comunitárias e de gestão, garantindo a sustentabilidade dos processos frente ao presente e desafios futuros. Os negócios comunitários também trazem impactos econômicos positivos a qualquer localidade.
De acordo com Maria Cesar, diretora-executiva do Instituto Mulheres do Brasil e idealizadora do Amazônia Que Inspira, o objetivo é promover “a autonomia das associações locais, o empreendedorismo, a biodiversidade, em harmonia com o desenvolvimento sustentável, com o qual as empresas realizadoras também estão alinhadas”.
Dessa maneira, a ação promoverá soluções de desenvolvimento nos territórios, levando ao bem-estar por meio da herança ancestral e com a certeza de que queremos uma Amazônia viva, que nos alimenta, inspira e gera qualidade de vida para as comunidades.
Texto publicado originalmente em Segundo a Segundo
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