Com recorde em desmatamento e queimadas, devastação aproxima o bioma Amazônia do ponto de não retorno. Dados negativos ofuscam comemoração da data
O Brasil celebra nesta segunda-feira (5) o Dia da Amazônia, sem ter realmente o que comemorar. Os números do desmatamento explodiram em 2022 no bioma, assim como a quantidade de queimadas. As emissões do Brasil também aumentaram, devido à destruição da floresta tropical, e as invasões em áreas protegidas e indígenas nunca estiveram tão altas, com o destaque para o garimpo ilegal.
((o))eco selecionou 10 fatos atuais sobre a Amazônia para ajudar o eleitor a entender a realidade que o bioma vive em 2022.
– A Amazônia registrou, de 1º de janeiro até hoje, 58.155 focos de queimadas. Somente nos cinco primeiros dias de setembro, foram 12.133 focos, quase o mesmo valor de todas as queimadas registradas nos sete primeiros meses de 2022 (12.911 focos).
– As queimadas impactam 90% das espécies de animais e plantas da Amazônia. Entre as já ameaçadas de extinção, até 85% delas tiveram grande parte de seus habitats naturais devastados pelo fogo, segundo pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A floresta Amazônica abriga a maior biodiversidade do planeta: até o momento, já foram catalogados no bioma 40 mil espécies de plantas, 1,3 mil espécies de aves, 2 mil espécies de peixes de água doce, mais de 370 répteis, mais de 420 mamíferos e mais de 420 anfíbios.
– O desmatamento na Amazônia em 2022 novamente vai passar dos 10 mil km². Essa é a estimativa do Sistema de Alertas de Desmatamento do Imazon (SAD), que computou 10.781 km² de floresta derrubados entre agosto de 2021 e julho de 2022 (período considerado como calendário do desmatamento). A área é equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo.
– As estradas já impactam 41% da floresta amazônica. São 3,46 milhões de quilômetros de vias nos nove estados que compõem a Amazônia Legal, o equivalente a 10 vezes a distância da Terra até a Lua. Cerca de 1,1 milhão de quilômetros de estradas estão sobre unidades de conservação, Terras Indígenas e áreas não destinadas.
– Invasões e exploração ilegal de terras indígenas aumentaram durante o governo Bolsonaro e atingiram número alarmante em 2021, segundo relatório divulgado em agosto passado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). No ano passado, foram computados 305 casos, em 226 TIs, sendo 77% delas localizadas na Amazônia. Em 2018, último ano antes do novo governo, foram 109 casos. O destaque desta exploração desenfreada vai para o garimpo: 93,7% da área de garimpo no Brasil concentra-se na Amazônia.
– Atualmente, a Indústria madeireira do Brasil concentra sua exploração em apenas 2% das espécies disponíveis na Amazônia. O bioma possui 998 tipos diferentes de madeira passíveis de exploração, mas somente cerca de 20 são usadas comercialmente, o que causa esgotamento e vulnerabilidade para determinadas espécies.
– Nos últimos meses, o Amazonas vem aparecendo nos primeiros lugares do ranking de desmatamento da Amazônia. Em 2022, pela primeira vez na série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão responsável pela medição oficial, o Amazonas aparece como segundo estado que mais desmatou o bioma (o Pará é o líder), desbancando o Mato Grosso. É no estado do Amazonas onde estão as maiores porções de floresta ainda preservadas no bioma. A divisa entre Amazonas, Rondônia e Acre é considerada a porta de entrada da “nova fronteira do desmatamento”.
– Mais de 100 milhões de cabeças de gado pisoteiam solo amazônico atualmente. Desde 1974, quando o IBGE começou o monitoramento da pecuária no Brasil, o número de animais cresceu 984% (enquanto o crescimento nas demais regiões do brasil foi de cerca de 50%). Estima-se que, atualmente, o bioma abrigue cerca de 43% do rebanho nacional.
– Somente nos cinco estados que mais produzem gado na Amazônia (Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia), existem 153 grandes frigoríficos instalados. Não há estimativas sobre abatedouros ilegais.
– As emissões de gases estufa aumentaram no Brasil nos últimos anos, o que fez o país ir na contramão do mundo, desacelerado pela pandemia da Covid-19. O desmatamento na Amazônia foi o principal responsável pela elevação de 9,5% nas emissões brasileiras em 2020, segundo dados mais recentes do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases (SEEG). Oito dos dez municípios que mais emitem no país estão na Amazônia.
Fonte: O Eco
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