Papa Francisco recebe bispos da Amazônia e pede que “escutem os povos indígenas e os mais pobres” e denunciem atos contra direitos e a ‘casa comum’
Por Mônica Nunes
Hoje, o Papa Francisco recebeu, no Vaticano, 17 bispos da Amazônia – especialmente dos estados do Amazonas, Acre e Roraima – por quase duas horas.
Entre eles estava o bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira – que tem a maior concentração de indígenas no Brasil -, Dom Edson Taschetto Damian.
Ele agradeceu ao pontífice, em nome dos indígenas, “porque pela primeira vez, são escutados, e eles se sentiam tão felizes”.
Ele destacou esse ‘trabalho fantástico de escuta’ iniciado com o Sínodo para a Amazônia, realizado no Vaticano em outubro de 2019, primeiro ano de Bolsonaro como presidente. E ressaltou que os bispos sentem o mesmo interesse do papa no Sínodo atual, o que mostra como ele “os leva a sério”.
Francisco conversou com eles sobre o papel da Igreja Católica e também sobre a violência contra os povos indígenas e vulneráveis.
Também recebeu a visita do representante do CIMI – Conselho Indigenista Missionário, que lhe entregou o relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil 2021 (com dados de 2020).
Em sua coluna de hoje, o jornalista Jamil Chade escreveu que Dom Roque Paloschi, bispo de Porto Velho, contou que o Papa Francisco motivou os bispos a viverem sua “missão de pastores e não burocratas”. E a terem coragem “para estar junto das populações mais pobres e, sobretudo, que a Igreja saiba respeitar suas culturas”.
O bispo destacou também que o pontífice não comentou sobre as mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira, mas está ciente das “dificuldades da região e da necessidade de se modificar a forma de lidar com os biomas”.
De acordo com o site Vatican News, o Papa insistiu para que os bispos “escutem os povos indígenas, escutem as comunidades de base, o Espírito Santo age através dessas pessoas, dos pobres da Igreja, e vocês estão na fronteira, vocês estão com os mais pobres, vocês estão onde eu gostaria de estar”.
Dom Lúcio Nicoletto, da diocese de Roraima, salienta que o papa os encorajou a atuarem “sem medo de encarar os desafios que nos apresenta o momento atual, que precisa de uma palavra profética para anunciar a esperança do Evangelho da vida, mas também denunciar tudo aquilo pisoteia os direitos fundamentais das populações indígenas e do cuidado com a casa comum“.
No final do encontro, foi-lhe apresentado um cocar ao Papa Francisco, presente dos povos indígenas da Amazônia. Quando ele viu o adorno, perguntou, em tom de brincadeira: “É uma mitra?”. Deixou-se enfeitar por ele e comentou: “Imagina se eu apareço na (Praça) São Pedro assim…” (assista a essa cena, abaixo).
Texto originalmente publicado em Conexão Planeta em 20/06/2022
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