A questão ainda não percebida amplamente é: por qual razão o Brasil insiste em afastar a prosperidade da Amazônia? Por que estamos sempre encontrando desculpas para nada fazer na região, nem nunca superar as suas deficiências? Em uma vertente ainda há gente que acredite que a agricultura extensiva cabe na região, quando claramente a floresta em pé é muito mais valiosa, de acordo com vastas evidências. Por outro caminho há um impedimento sistemático para que as ações econômicas com alguma tecnologia prosperem por aqui.
Por Augusto Rocha
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A história é forjada por muitas coisas, dentre elas a natureza e a logística de sua exploração. Nesta caminhada, a transcendência de deficiências e erros do passado é o grande desafio. Na Amazônia nunca enfrentamos os mínimos consensos de deficiências, nem transcendemos os erros. Ficamos como saca-rolhas, girando no entorno do eixo, na insistência e no seu aprofundamento, mas ao contrário dele, errando e considerando como se fossem acertos.
Os erros da Transamazônica vão e vem, para nos descobrirmos numa situação ligeiramente pior. A questão da falta de infraestrutura responsável e sustentável nunca entra na pauta de ações. As deficiências da Zona Franca de Manaus (ZFM) nunca são discutidas – como se não existissem. Por outro lado, seus acertos são combatidos, como se o interesse real fosse reduzi-la à pó, não aproveitando seus acertos.
A questão ainda não percebida amplamente é: por qual razão o Brasil insiste em afastar a prosperidade da Amazônia? Por que estamos sempre encontrando desculpas para nada fazer na região, nem nunca superar as suas deficiências? Em uma vertente ainda há gente que acredite que a agricultura extensiva cabe na região, quando claramente a floresta em pé é muito mais valiosa, de acordo com vastas evidências. Por outro caminho há um impedimento sistemático para que as ações econômicas com alguma tecnologia prosperem por aqui.
Como trazer para o presente o potencial do futuro? Por que o valuation segue sendo feito apenas em artigos científicos e longe da esfera executiva? Como deixar de aceitar a falácia de que aqui existe riqueza, enquanto o IDH segue baixo? Enquanto a riqueza não for visível pela redução da pobreza, o que se tem de fato é uma muita pobreza e deficiência. Precisamos trazer o comando da região para quem mora aqui e não a entregar para qualquer estrangeiro simpático ou antipático, só porque fez fortuna em algum lugar e agora quer também nos conquistar.
Ninguém daqui tolera o entreguismo, mas quem anda por Brasília, São Paulo, Nova Iorque ou Paris adora falar e decidir por quem está aqui. Como se Manaus, Belém e o interior profundo fosse composto por sub-humanos que não sabem pensar por si. Como se todos nós precisássemos de alguém para nos ensinar como viver. Isso cansa. Chega de adiamentos. Está na hora de começarmos a assumir a direção do futuro que almejamos.
Em uma sociedade verdadeiramente democrática, este passo parte pela junção dos parlamentos da região, das sociedades da região, com planos que sejam desdobrados em ação, com métricas claras. Enquanto não estivermos nesta liderança, a prosperidade será adiada ou apenas transferida para outros lugares, para qualquer explorador que apareça se autodeclarando salvador, mas que só quer o mesmo de todos os anteriores: sugar e adiar a nossa prosperidade. Ultimamente nem a esperança se vende e o rastro de destruição fica mais e mais visível.
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