“Primeiro, criamos o mercado global. Agora, vamos criar o mercado regulado nacional, para poder exportar créditos […] e que sejam importantes para gerar receitas a projetos de redução de emissões”. São palavras ditas pelo ministro Joaquim Leite na 3a feira, no anúncio de um decreto criando o tal mercado nacional, tal como contado numa página do “Congresso Mercado Global de Carbono”.
Bem, não existe um mercado global. E os mercados regulados que existem não exportam créditos e, com raras exceções, tampouco os importam. O ministro também disse que o país pode gerar receitas de até R$ 100 bilhões com os créditos de carbono, sem mencionar quem seriam os compradores.
Ontem, o ministro abriu o Congresso, evento fechado a convidados. O primeiro dia foi ufanista, mas cheio de estranhezas. O ministro Paulo Guedes disse que o país iria tributar a poluição, segundo o Correio Braziliense, o que soou como novidade porque é raro e complicado misturar imposto e mercado de carbono. A palavra imposto não apareceu nas minutas do decreto que circularam nas últimas semanas. Já o presidente do Banco Central, segundo informa o Valor, foi taxativo em criticar um imposto, dizendo que um mercado de carbono é o melhor alocador de recursos.
Natália Viri, no Reset, relatou esforços anteriores para a criação de um mercado regulado no país, enfatizando que houve uma participação intensa da sociedade civil, de setores empresariais e congressistas durante anos e que culminou em um projeto de lei que está tramitando no Congresso. O decreto ainda não publicado e mencionado por Leite, ao contrário, foi feito a portas fechadíssimas e a toque de caixa.
As notícias sobre o Congresso e essas declarações saíram n’O Globo, Correio Braziliense, Agência Brasil e no Canal Energia.
Ancelmo Gois, n’O Globo, chegou a contar que a organização do Congresso havia proibido o pessoal de apoio de usar qualquer peça de roupa vermelha, mas publicou uma nota da organização desmentindo a informação.
Fonte: Clima Info
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