Os números levantados pela Comissão Pastoral da Terra evidenciam a intensificação dos conflitos fundiários sob o atual governo. De 2019 até o ano passado, foram registrados 4.078 episódios de conflito no campo, um total que supera os registrados em mandatos presidenciais anteriores desde a redemocratização.
Um dos fatores para esse aumento nos casos de violência sob a gestão Bolsonaro é o surgimento de grupos pistoleiros que atuam “sob encomenda”, contratados por grandes proprietários de terra e grileiros para atacar indígenas, quilombolas, sem-terra, assentados e ribeirinhos. Essas “agromilícias” se beneficiam também da omissão e da leniência do poder público para espalhar terror e medo no interior do Brasil.
Só em 2021, houve 1.769 registros de conflitos por terra, água ou questões trabalhistas – uma redução de 15% em relação ao ano anterior (2.054), mas ainda assim suficiente para puxar para cima os dados preliminares do governo Bolsonaro. A área em conflito somou mais de 710 mil km2, o equivalente a três vezes o território do estado de São Paulo. As ocorrências se concentraram nos estados da Amazônia Legal, com 939 casos de conflito fundiário, mais da metade do total nacional. Pará (326), Bahia (223) e Minas Gerais (158) formaram o top 3 nacional. Ao todo, quase 900 mil pessoas foram afetadas por esses episódios.
Os dados foram divulgados nesta 2ª feira (18/4) pela Pastoral da Terra em seu relatório Conflitos no Campo Brasil 2021. Na semana passada, a entidade antecipou parte dessas informações, com destaque para o aumento de 75% no número de assassinatos causados por conflitos no campo – 35 pessoas foram assassinadas em 2021, o maior número de mortes violentas desde 2017.
No relatório, a Pastoral da Terra ressaltou como o governo Bolsonaro, com apoio dos militares e do agronegócio, está executando uma “política de morte” no campo no Brasil: “Ao descaso e ação deliberada contra a vida das pessoas, o governo federal sustentado pelo agronegócio soma a demonstração de sua força devastadora contra os povos do campo, pois desde 2016 o número de conflitos no campo tem aumentado, e se intensifica após a eleição de Bolsonaro e os militares para a Presidência da República”.
Agência Pública, Correio Braziliense, Globo Rural, Metrópoles, Ponte e UOL, entre outros, repercutiram esses números da Pastoral da Terra sobre a violência no campo em 2021.
Fonte: Clima Info
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