A humanidade está contra a parede: ou ela reage para reduzir substancialmente suas emissões desde agora ou estará condenada a viver sob risco de desastres climáticos mais frequentes e devastadores. O alerta é do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC), que apresentou ontem (4/4) seu relatório sobre mitigação da mudança do clima, parte do 6º relatório de avaliação (AR6).
De acordo com o documento, as emissões de gases de efeito estufa precisam chegar a seu limite histórico até no máximo 2025 e, a partir disso, cair de maneira significativa nos anos seguintes para permitir um limite de 1,5°C ao aquecimento da Terra neste século, em linha com os objetivos do Acordo de Paris. Até 2030, os países precisam reduzir suas emissões quase pela metade (43%) em relação aos níveis de 2019 para viabilizar essa meta no longo prazo. Qualquer atraso nos esforços de redução das emissões nos próximos oito anos pode fechar a janela para evitar alterações climáticas potencialmente mais desastrosas. O Observatório do Clima compilou 21 das principais mensagens do novo relatório do IPCC.
No Estadão, Emílio Sant’Anna destacou o prazo curto para a humanidade iniciar uma redução significativa e sustentada de suas emissões. Já na Folha, Ana Carolina Amaral ressaltou o tamanho do desafio: as emissões de GEE subiram mais entre 2010 e 2019 do que em quaisquer das décadas anteriores, ainda que o ritmo de crescimento tenha sido menor. Se o cenário atual se mantiver nos próximos anos, observou Rafael Garcia n’O Globo, as chances para o mundo evitar o pior da mudança climática diminuem a quase zero, com o aquecimento médio do planeta podendo chegar a 3,2°C até 2100, bem acima dos 2°C máximos definidos pelo Acordo de Paris.
O relatório também abordou a corrida global pela descarbonização. Como destacado por Daniela Chiaretti no Valor, para que a meta de 1,5°C de aquecimento neste século seja viável, os países precisam atingir a neutralidade líquida de suas emissões de GEE (emissões compensadas por absorção natural ou artificial de carbono e outros GEE) ao redor do ano de 2050; já para limitar o aquecimento em 2oC, o net-zero precisa ser realidade até 2070. Qualquer coisa depois dessas datas trará desafios adicionais e incertezas significativas às chances de a humanidade reverter esse quadro.
Outro ponto abordado pelo relatório do IPCC é a desigualdade da pegada de carbono: de acordo com a análise, 10% das residências do mundo correspondem a até 45% do carbono liberado na atmosfera terrestre. Como apontou Carolina Dantas no g1, esse dado abre espaço para ações direcionadas de mitigação nas áreas urbanas, como medidas de eficiência energética e de mobilidade verde. “Isso pode ocorrer por meio da transição sistêmica de infraestrutura e da urbanização que leve a um desenvolvimento de baixas emissões, em direção a emissões líquidas zero”, observou Mercedes Bustamante (UnB), uma das autoras envolvidas na elaboração do relatório.
Fonte: Clima Info
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