Por Augusto César Rocha
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A crise do IPI, que tem promessa de desfecho em breve, colocou luz numa questão importante: quando há união das forças políticas com um propósito em comum, conseguimos realizações desafiantes e aparentemente impraticáveis. A união absoluta é uma impossibilidade, mas, a busca de amplos consensos sobre algumas pautas é perfeitamente plausível e o desejado em uma democracia forte.
O que nos falta para encontrar estes uníssonos? Será que é a busca constante pela divisão e pelo interesse mesquinho ao invés do interesse coletivo? Ou há outras razões ainda menos confessáveis? Ou será que a democracia não é plena?
Doze milhões de desempregados no Brasil, segundo o IBGE, ao final de 2021. Desalentados são 4,8 milhões e outras 116,8 milhões de pessoas em insegurança alimentar. De mais de 120 mil empregos diretos no PIM em 2011, para cerca de 103 mil empregos em 2021, mesmo com o crescimento populacional. As mesmas infraestruturas de transporte ao longo de décadas. Uma pandemia. São tantas as oportunidades de crises para nos unirmos que me intriga a razão de isso não acontecer.
Existem infinitas possibilidades. A abundância é uma bênção e ao mesmo tempo um desafio. Estamos no meio da diversidade floresta, da água, da natureza. Existem bilhões de dólares sendo produzidos pela indústria e bilhões de impostos sendo recolhidos.
As oportunidades são tantas e tão complexas que podemos seguir nos distraindo com o que não interessa. Se não encontrarmos o combate certo, daqui a pouco estaremos nos digladiando sobre elementos do passado, sobre questões alheias aos interesses objetivos do presente e até mesmo se o Planeta Terra é redondo ou plano.
O presente é sempre uma oportunidade e não temos ação sobre o passado. A indústria da ZFM está posta, ativa, crescente e produtiva. Quais seriam três pautas de uníssono?
Enquanto não tivermos esta pauta, não haverá evolução. Uma possível pauta é a criação de um PPB para uma indústria vinculada com insumos regionais, um foco amplo em ciência & tecnologia para uso dos recursos do ecossistema local, com recursos humanos, financeiros e legais abundantes para realização desta transformação. E, quem sabe, algum olhar sobre o humano na Amazônia e ações para romper este subdesenvolvimento secular. Se não estas, quais seriam ações dignas de um consenso amplo?
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