Com a crise climática dando as caras, aumenta a pressão por ações efetivas que deem conta do recado. Frente à urgência, qualquer compromisso não cumprido tende a ganhar holofotes. Foi o que aconteceu quando a Sky News denunciou, nesta quarta (2/2) que, passados três meses da COP26 o acordo para acabar com o desmatamento até 2030 já perdeu o primeiro prazo.
Trata-se do pacto de US$ 500 milhões firmado entre um grupo de países doadores e a República Democrática do Congo (RDC) para proteger a Bacia do Congo. A região, que absorve 4% do dióxido de carbono emitido globalmente, está sofrendo com o desmatamento.
A alegação para o não repasse de recursos é que a RDC ainda não publicou o resultado da auditoria dos contratos de extração de madeira. Esta auditoria, considerada vital para combater o desmatamento ilegal no Congo, deveria ter sido publicada no final de 2021. Representantes do governo disseram que seis contratos suspeitos já foram suspensos, e que deverá publicar a auditoria em breve. Ambientalistas cobram transparência e alertam para o aumento do desmatamento neste ano no Congo. O tempo dirá se o acordo é para valer ou para inglês ver.
E por falar em ambientalistas, o WWF-UK ficou em maus lençóis ao lançar uma campanha para vender os chamados “tokens não fungíveis” (TNF) no blockchain. O WWF-UK planejava cunhar NFTs em forma de arte digital, representando animais selvagens ameaçados de extinção, e vendê-los para financiar trabalhos de conservação de 13 espécies.
NFTs são representações digitais que transformam qualquer coisa (geralmente criptomoedas) em peças únicas, com um valor próprio.
Segundo o Climate Home News, uma chuva de críticas começou a pipocar nas redes sociais, inclusive com ameaças de cancelamento de doações, devido às emissões de gases de efeito estufa associadas à geração de NFTs. O Greenpeace tirou uma onda com o WWF-UK, postando no Twitter que o único NFT que apoia é o “Natural Forest Trees” (Árvores de Floresta Natural).
Em tempo: O New York Times lançou o primeiro, de uma série de três vídeos de opinião ligando os pontos entre o sistema alimentar global e os impactos da produção nas mudanças climáticas. O primeiro episódio da série “We´re Cooked” (Estamos Fritos, em tradução livre) mostra como a agricultura norte-americana está contaminando o ar, o solo e a água, destruindo habitats de vida selvagem e contribuindo com o aquecimento global, enquanto um poderoso lobby segue ocultando os danos causados. Mostra, ainda, como os consumidores podem virar o jogo para “salvar o planeta”. Os outros dois episódios – um sobre a indústria avícola e outro sobre mudanças na dieta – devem ser lançados ainda neste mês.
Fonte: ClimaInfo
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