São recursos suficientes para reduzir as diferenças escandalosas entre o Norte e o Sul do país e contribuir para o Brasil integrar-se no médio prazo na galeria das nações civilizadas, desenvolvidas e socialmente prósperas. Feliz 2022, bicentenário de nossa Independência. Independência?
Belmiro Vianez Filho
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Desde o PlanAmazonas, o último grande programa de desenvolvimento regional com planejamento estratégico, desenhado sob a administração do saudoso governador Gilberto Mestrinho, são múltiplos e, ao mesmo tempo, frustrantes os esforços e as intenções para viabilizar o projeto Manta-Manaus, como alternativa logística de transportes para a produção industrial do Amazonas, incremento comercial, continental, mundial e novas oportunidades para a economia e desenvolvimento de nossa região, como se deu a partir do Panamá.
A ousadia de Dário Lopes, um rondoniense nascido nas Minas Gerais, o que lhe dá o certificado de transpor montanhas, conseguiu conjugar a diversidade desafiadora de outros caminhos e desenhar um novo. Enquanto que o caminho percorrido, habitualmente, pelo empresariado brasileiro para chegar a Pacífico, entre o porto de Santos (SP), pelo canal do Panamá, leva mais de 20 dias, com uma extensão percorrida de quase de 6 mil milhas. A outra opção, saindo de Santos, seguindo pela Patagônia, na Argentina, apesar de encurtar a viagem em três dias, tem o complicador do ambiente hostil, por conta da temperatura extrema. seguiu pela bacia do Solimões, na tríplice fronteira entre Brasil (na cidade amazonense de Tabatinga), Letícia (na Colômbia) e Santa Rosa (Peru) e de lá passou por Iquitos, Yuirmaguas e, enfim, estava em Paita, no Pacifico.
É preciso, sempre, olhar além das aparências, elas costumam nos surpreender e frustrar. Se fosse facilmente viável ou economicamente essencial, na teríamos feito. Afinal, com a contribuição de cidadãos do mundo inteiro, levamos adiante o desafio improvável da Madeira-Mamoré, com o preço impagável de milhares de vidas e dívidas. E ao olhar além das aparências e promessas dos discursos de uma legião cósmica de boas intenções, não estaríamos há três décadas desconectados do Brasil, por terra, e com precária conexão fluvial e muito onerosa ligação aeroviária. As promessas esquecem a premissa sagrada da sustentabilidade, segundo a qual a melhor maneira de proteger um bem natural é atribuir-lhe uma finalidade econômica. Deixar ao deus-dará é compactuar com a destruição e com a criminalidade. Por isso, é possível e necessário proteger a Amazônia e nela investir formatos de geração de riquezas que mantenham sua integridade biológica. E a Ciência já sabe como faz isso.
E por que o Brasil nos deixa de lado? Entra e sai governo e ninguém se dispõe a pensar com responsabilidade e compromisso um projeto e vários programas de aproveitamento inteligente, competente e inovador, que extraía riquezas e benefícios da floresta sem queimar ou desmatar sob o crivo da ganância predatória. E nesse contexto, a conexão com o Pacífico é viável, urgente e inadiável. E não precisamos um centavo a mais do que já recolhemos ano a ano aos cofres federais e estaduais. Somadas as contribuições federais e estaduais somente do estado do Amazonas, recolhemos, como geradores de emprego, renda, oportunidades e tributos, para a Receita Federal e Fazenda Estadual, algo em torno de R$25 bilhões/ano. quando a Constituição do Brasil concede isenção, ou compensação fiscal, para reduzir desigualdades regionais, a contrapartida é que a riqueza daí gerada seja aplicada na região favorecida. São recursos suficientes para reduzir as diferenças escandalosas entre o Norte e o Sul do país e contribuir para o Brasil integrar-se no médio prazo na galeria das nações civilizadas, desenvolvidas e socialmente prósperas. Feliz 2022, bicentenário de nossa Independência. Independência?
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