Evento reuniu especialistas e representantes de órgãos e entidades públicas e privadas que atuam no planejamento e execução de atividades do setor.
Com o objetivo de diagnosticar os principais entraves e construir soluções efetivas, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) realizou nesta segunda-feira (13), no auditório da sede da Autarquia, a I Conferência Interinstitucional de Logística para Desenvolvimento da Região Amazônica. O evento ocorreu na segunda-feira (13), no auditório da sede da Autarquia, e reuniu especialistas e representantes de órgãos e entidades públicas e privadas que atuam no planejamento e execução de atividades do setor.
O representante do setor industriário do Amazonas, o professor e consultor Augusto César Rocha afirmou que “não se pode mudar uma região de local. A questão da Amazônia, portanto, não deve ser considerada por estar longe ou perto. O verdadeiro problema é a falta de infraestrutura”, observou, acrescentando que a infraestrutura sempre vem antes da atividade econômica.
O especialista também defendeu a existência de um órgão para centralizar os conhecimentos sobre a logística na região¬. “Precisamos também de métricas sobre a logística na região, pois quem não mede, não administra”, frisou Rocha.
Outro palestrante foi o comandante da 12ª Região Militar do Amazonas, general Omar Zendim, que destacou os desafios e peculiaridades das atividades logísticas desempenhadas pelo Exército Brasileiro para, entre outras ações de defesa e soberania, conseguir suprir os mais de 10 mil militares desdobrados na faixa de fronteira da Amazônia.
O servidor e representante do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), Osvaldo Cesar Curi de Souza, relembrou que destinos fora do circuito EUA-Europa, como Doha (Catar) e Dubai (Emirados Árabes), por décadas ignorados e desconhecidos, consolidaram-se no cenário internacional graças a um trabalho estratégico feito por seus respectivos países, um exemplo do que também pode ser feito com a Amazônia. “Questões como a logística só serão resolvidas quando o País parar de enxergar a Amazônia como problema e passar a vê-la como oportunidade”, frisou.
O presidente da Fecomércio-AM, Aderson Frota, ressaltou que a dificuldade de infraestrutura na região gera custos aos empresários e até avarias aos produtos transportados. O executivo explicou que, por conta da distância e operacionalidade, o comércio local precisa usar o modal de cabotagem para mercadorias volumosas e pesadas. Frota defendeu as Parcerias Público-Privadas (PPP) como alternativas na proposta de soluções e viabilidade de estradas. “Nenhum empreendimento pode vingar se não compatibilizar custos e resultados. Tempo é custo. Nós temos que buscar eficiência para reduzir essas dificuldades de transporte da nossa região”, destacou.
Um caso de sucesso logístico destacado no evento foi o da primeira agroindústria montada numa balsa, empreendimento do grupo Bertolini Transportes. Para resolver o problema de oferta de açaí, a empresa construiu uma balsa-fábrica para buscar diretamente de comunidades cultivadoras do fruto e fazer, na própria embarcação, o processamento diário de até 20 toneladas de frutos e 12 toneladas de polpa congelada de açaí. As operações da balsa vão abranger os rios Amazonas, Solimões, Madeira, Purus, Juruá e Japurá.
Outro exemplo citado foi o do grupo BDX, que estabeleceu uma rota hidroviária paralela para chegar ao oceano Pacífico. O caminho se propõe a seguir pela bacia do Solimões, na tríplice fronteira entre Brasil (na cidade amazonense de Tabatinga), Letícia (na Colômbia) e Santa Rosa (Peru), passa por Iquitos, Yuirmaguas e, enfim, chega em Paita, no Pacifico.
Conferência
O superintendente da Suframa, Algacir Polsin, explicou que o objetivo do evento foi analisar a conjuntura logística na Amazônia e, em uma segunda fase, propor soluções de intervenção – de curto, médio e longo prazo – para transpor os obstáculos e desafios estruturais da área e, como resultado, facilitar ações de Desenvolvimento Regional. “Nesse primeiro encontro queríamos ouvir e entender as dores de quem atua na logística na Amazônia. A segunda fase terá como enfoque a construção de propostas e soluções e devemos promover o segundo evento no início do próximo ano”, informou o general.
Durante o evento foram sugeridas várias propostas para resolver ou reduzir as principais dificuldades logísticas da região, dentre elas: criação de retroportos em complementação aos portos; incentivo do uso da rota por Santarém-PA, Mirituba-PA via BR-163; distribuição de frigoríficos para otimizar cadeias produtivas; resolver o problema do calado na região do Tabocal, maximizando o percurso de Fazendinha (AP) a Manaus; redução do custo da praticagem; aumento da oferta de voos para o interior do Estado; construção de pista de pouso alternativa ao Aeroporto Eduardo Gomes; e implantação de Hubs aquaviários na bacia amazônica, entre outros.
Fonte: Suframa
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