O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) repetiu nesta 5ª feira (23/9) que a demanda por energia elétrica poderá ser atendida sem precisar recorrer ao racionamento compulsório de energia, pelo menos até o final do ano. Por outro lado, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, reconheceu que existe o risco de problemas no atendimento elétrico nos horários de pico, quando o consumo é maior. “Esse período de outubro a novembro é mais crítico, a carga aumenta, o calor aumenta, o uso de ar condicionado aumenta, mas temos as termelétricas e acreditamos que teremos condição de enfrentar o atendimento com segurança”, disse Ciocchi em evento virtual dos jornais O Globo e Valor. O chefe do ONS demonstrou menos contundência sobre o risco de racionamento no ano que vem. “Para 2022, tudo leva a crer, com uma incerteza enorme no meio do caminho, que não haja racionamento”. Folha, Poder360 e Valor repercutiram a fala de Ciocchi.
Enquanto isso, a termelétrica GNA I, a 2ª maior do Brasil, teve que ser desligada na última 2ª feira (20/9) depois de apenas quatro dias em operação. O motivo teria sido problemas técnicos com risco para o sistema de fornecimento de gás. A planta, localizada em São João da Barra (RJ) e com capacidade instalada de 1,2 mil MW, foi reativada na 4ª feira. Como destacou o Estadão, esse não foi o primeiro problema da usina: em julho, ainda em testes, uma turbina a vapor foi danificada.
Na CNN Brasil, o ex-diretor do ONS e atual consultor do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Luiz Eduardo Barata, traçou possíveis cenários para o sistema elétrico brasileiro no ano que vem. Se as chuvas vierem, o risco de desabastecimento será muito pequeno, ainda que isso exija a manutenção de algumas termelétricas para geração. Se a água não cair do céu, o governo terá que manter as termelétricas operando por mais tempo, o que resultará em novos aumentos no valor da conta de luz.
A crise hídrica e o aumento da tarifa elétrica impulsionaram a procura por painéis solares fotovoltaicos no mercado brasileiro. Dados da ABSOLAR citados pela Folha mostram que, de janeiro a agosto, foram instalados 180 mil sistemas para geração distribuída de energia solar, número 41% superior ao registrado no mesmo período no ano passado.
Por outro lado, autoridades do setor elétrico estão preocupadas com o que elas entendem ser uma “corrida especulativa” por registros de novos projetos de energia renovável, em especial usinas solares. Na Folha, Nicola Pamplona destacou que esse movimento aconteceu depois da aprovação da lei 14.120/2021, que garante benefícios a projetos de energia renovável que solicitarem outorga para operação até março de 2022. Para o governo, esses pedidos estariam sendo feitos apenas para garantir os subsídios atuais sem implicar na construção efetiva desses projetos no curto prazo.
Fonte: ClimaInfo
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