N’O Globo, Ana Lúcia Azevedo descreveu o cenário dramático da Mata Atlântica nos últimos meses. Como na Amazônia e no Pantanal, o tempo seco e o avanço do desmatamento tem facilitado o surgimento e a disseminação de focos de incêndio. O fogo já atingiu 34 Unidades de Conservação estaduais e dez federais no bioma, com focos registrados nos quatro estados do Sudeste, além de Paraná e Santa Catarina.
Atualmente, menos de 13% da cobertura vegetal original da Mata Atlântica resistem no Brasil. O impacto do fogo é devastador nesses ecossistemas, que podem levar até décadas (ou, em situações mais graves, séculos) para se recuperar naturalmente. “A Mata Atlântica não evoluiu com o fogo, como o Cerrado, e por isso tem baixíssima resistência a ele”, explicou o biólogo Izar Aximoff. “As plantas morrem e como a fragmentação é grande, fica muito difícil, quase impossível, que ocorra uma regeneração natural. E, se houver, levará um tempo imenso”.
Falando em incêndios, o estado de São Paulo tem registrado neste ano o maior número de focos de incêndio em uma década, de acordo com dados do INPE destacados pelo UOL. Entre janeiro e agosto, foram identificados 57,5 mil focos em território paulista, o que representa uma alta de 31% na comparação com o mesmo período em 2020 (43.741).
Uma das áreas mais afetadas pelo fogo foi o Parque Estadual do Juquery, que teve cerca de 80% de sua área queimada nesta semana. A Folha mostrou que, além das condições climáticas propícias, o fogo também foi beneficiado pela falta de um plano de manejo e conservação para o parque. Mesmo depois de quase 30 anos desde sua criação, o Juquery jamais contou com um plano desse tipo, que poderia identificar vulnerabilidades e, assim, evitar situações como a atual.
Já em Corumbá (MS), o Estadão destacou que os incêndios que consomem o Pantanal nas últimas semanas já se refletiram nos indicadores de saúde pública da região. Nos últimos dias, houve um aumento de 25% na busca por atendimento médico por problemas respiratórios, de acordo com dados da secretaria municipal de saúde. O cheiro de queimado e a fuligem tomam conta do ar seco dia-e-noite, com uma presença marcante e insistente.
Em tempo: O repórter fotográfico Edmar Barros foi alvo de uma ameaça de morte nesta semana após registrar queimadas no município de Lábrea, no sul do Amazonas. De acordo com o UOL, ele trabalhava a serviço da agência Futura Press, da revista Amazônia Latitude e da Rainforest Foundation quando recebeu mensagem de celular com intimidações caso ele persistisse nas “denúncias sobre as derrubadas” no ramal do km 42 da BR-230. “Você vai queimar junto na queimada”, ameaçou o criminoso.
Fonte: ClimaInfo
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