Negar a gravidade de crises parece ser uma das marcas registradas do governo Bolsonaro, talvez imaginando que tudo possa ser resolvido com meia dúzia de fake news jogadas nos grupos de WhatsApp. Não bastasse negar a devastação da pandemia, a destruição de milhares de quilômetros de floresta e de cerrado, a atitude do governo frente à crise hídrica impactará a economia por vários lados.
Luiz Barata, ex-diretor geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), n’O Globo, diz que “há ausência de fundamentação técnica e científica nas ações oficiais, com apostas em soluções opostas às apontadas por estudos”. Barata estende a gravidade da crise para os usos múltiplos da água, com ameaças sérias para o agronegócio que depende de irrigação e para a vida nas cidades.
Além de puxar a inflação para cima – existe um pouco de eletricidade em quase tudo que se consome – a falta de transparência faz empresas se protegerem, comprometendo a sonhada recuperação econômica. Se houver racionamentos, o quadro fica ainda pior. Barata faz questão de acrescentar que esta ausência de governo compromete o longo prazo ao deixar que o planejamento energético, até então conduzido por técnicos e sistemas sofisticados, seja abduzido por um congresso interessado em seus pequenos negócios.
Alexandre Mansur, na Exame, falou com gente de Itaipu sobre o nexo floresta-geração elétrica: “As florestas têm um papel essencial na regulação do ciclo hidrológico, uma vez que a cobertura vegetal contribui na disponibilidade e purificação da água, influencia no regime de precipitação, alimenta o lençol freático e contribui na recarga de aquíferos. Além disso, a vazão regular, cíclica, das chuvas influencia o regime hidrológico dos rios. E a estabilidade do sistema climático-hidrológico é essencial para a segurança hídrica e energética do país”. Sem mencionar, claro, para o próprio agronegócio.
O custo da irrigação já subiu em muitos lugares. A CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil) apurou que já houve alta de 30% em vários estados. Segundo matéria d’O Globo, projeta-se uma perda de 50% na produção de arroz e feijão no sul do país.
Já foram observadas altas em torno de 30% no custo da irrigação em vários estados. Representantes do agronegócio no sul do Brasil também estimam perdas de até 50% na produção da dupla mais famosa do prato do brasileiro: o arroz e o feijão.
Ontem, segundo o ONS, a energia acumulada nos reservatórios do país estava em 32% da sua capacidade; a das regiões Sudeste/Centro-Oeste estava com menos de 24%.
Fonte: ClimaInfo
Comentários