Artigo do ex-bolsista da Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente de 2017, Bruno Souza, e co-autorado por Eduardo Haddad, economista e professor da Universidade de São Paulo, projeta os impactos econômicos das mudanças climáticas na produção agrícola brasileira e é publicado na renomada revista internacional Spatial Economic Analysis.
Desde o período pré-industrial até hoje, o mundo já ficou cerca de 1°C mais quente e, caso as tendências de aquecimento continuem, teremos um aumento de até 1,5°C até 2040, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). De acordo com o órgão, que faz parte das Nações Unidas, este cenário seria responsável por enormes desastres sociais, ambientais e econômicos.
A agricultura é um dos setores econômicos mais afetados pelas mudanças climáticas, levantando grande preocupação em relação à produção de alimentos nas diferentes partes do mundo. Algumas regiões podem ver um crescimento na produção de determinados cultivos e uma queda em outros, gerando incertezas sobre o futuro da produção agrícola global.
No artigo “Climate change in Brazil: dealing with uncertainty in agricultural productivity models and the implications for economy-wide impacts” (Mudanças climáticas no Brasil: lidando com a incerteza em modelos de produção agrícola e as implicações dos seus impactos econômicos), Bruno Souza e Eduardo Haddad analisam os impactos econômicos das mudanças climáticas nas diferentes regiões brasileiras até o fim do século, com foco em algumas das principais safras do País: cana-de-açúcar, soja, milho, feijão, café e laranja.
O artigo analisa cenários de acordo com as previsões climáticas mais otimistas e mais pessimistas até 2100 contidas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), conhecidas como Representative Concentration Pathways (RCPs). Os resultados apontam que as perdas anuais por conta das mudanças climáticas variam entre 0.4% e 1.8% do produto interno bruto (PIB) brasileiro. São Paulo seria o estado que mais perderia tanto no cenário mais otimista quanto no mais pessimista. Os outros estados mais afetados, dada sua dependência do setor agrícola, seriam Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
Também foi analisado o impacto indireto que as mudanças climáticas podem causar na economia, por meio da estimativa do quanto as perdas na agricultura afetam outros setores e regiões do País. Em termos desses impactos indiretos, os estados mais afetados seriam o Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul por conta do seu alto nível de integração econômica com outros estados. Os resultados mostram que, para cada dólar perdido na agricultura brasileira por causa das mudanças climáticas, mais US$3.41 dólares poderiam ser perdidos em termos de impactos indiretos na economia.
Leia o artigo na íntegra aqui.
Fonte: Instituto Escolhas
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