Agência FAPESP – A FAPESP e o Sebrae-SP firmaram convênio no valor de R$ 150 milhões com o objetivo de apoiar o desenvolvimento de startups de base científica e tecnológica em todo o Estado de São Paulo.
A expectativa é financiar, por um período de seis anos, cerca de 150 empresas no âmbito do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, e facilitar, com recursos do Sebrae-SP, o seu acesso ao mercado e o desenvolvimento de provas de conceito junto a grandes empresas de tecnologia, além de atendimento especializado.
A parceria prevê o lançamento de dois editais por ano. O primeiro edital, no valor de R$ 25 milhões, lançado ontem (22/07) junto com o anúncio do convênio, apoiará a pesquisa para o de desenvolvimento soluções inovadoras e a sua introdução no mercado. Serão selecionadas até 35 empresas, que contarão com até R$ 1,25 milhão por projeto. O prazo de submissão de propostas se encerra em 19 de outubro de 2021. O edital está disponível em https://fapesp.br/14986.
“A iniciativa agrega expertise ao Sebrae e à FAPESP em uma ação em prol do desenvolvimento de empresas de base tecnológica”, afirmou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, na apresentação do edital. “Criar empresas, criar valor, gerar riquezas é de interesse de qualquer país. Mas todos aspiram a ter empresas no mais alto nível de desenvolvimento, as deep techs.”
Oportunidades para empreendedores
O evento de lançamento do convênio FAPESP-Sebrae-SP, em que também foi anunciado o primeiro edital, contou com a presença do vice-governador Rodrigo Garcia, da secretária de Desenvolvimento Econômico Patrícia Ellen, e dirigentes das instituições parceiras, além de reitores das três universidades estaduais, pesquisadores e empreendedores. Todos foram testados para a COVID-19 antes de ingressar no auditório da FAPESP.
“Estamos celebrando parceria que é fruto de escolhas que São Paulo fez. Em nenhum momento São Paulo titubeou em ter a ciência como bússola para enfrentar algo inédito em nossa vida”, afirmou o vice-governador, referindo-se à pandemia da COVID-19. “A pandemia reforçou que o apoio à ciência e à pesquisa foi fundamental para São Paulo. Tenho convicção de que as universidades e a FAPESP vão poder compartilhar um bom momento da gestão fiscal do Estado, que propiciará um aumento de receita para o sistema universitário e o sistema de pesquisa.”
“Hoje a ciência e a tecnologia no Estado de São Paulo – contando os investimentos em ensino superior – têm orçamento de mais de R$ 14 bilhões. O investimento em ciência, de R$ 10 bilhões, é 70% do total do Brasil e 80% do total de investimento em tecnologia de ponta no país”, disse a secretária de Desenvolvimento Econômico.
“Enquanto o orçamento da FAPESP aumentou 36% em valor absoluto em dois anos, o nacional caiu para um terço. Há preocupação com outros Estados”, ela continuou, mencionando cortes de recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a queda no volume de bolsas. “Os recursos do FNDCT [Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] seguem contingenciado.”
Ela lembrou que, em 2020, São Paulo cresceu 0,4%, enquanto o país registrou recessão de 4,1%. “Em 2021, o crescimento previsto é de 7,8%, e o setor que mais cresce é o de alta tecnologia”, acrescentou, dando exemplo de investimento recente da Equinor de US$ 8 bilhões na exploração de petróleo na Bacia de Campos, graças à inovação de alta tecnologia.
Para o presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago, a parceria com o Sebrae ampliará o alcance do PIPE e as oportunidades para os empreendedores de São Paulo levarem os produtos ao mercado. “Somaremos esforços para reforçar o empreendedorismo com um melhor conhecimento do mercado e o aperfeiçoamento dos planos de negócios, aumentando as chances de sucesso de iniciativas inovadoras”, disse. “O programa expande o espectro de ação da FAPESP, sem prejuízo do apoio aos programas tradicionais como, por exemplo, os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), os Projetos Temáticos ou o Auxílio a Jovem Pesquisador”, sublinhou.
A parceria e a chamada se inscrevem na estratégia da FAPESP de apoio à pesquisa orientada à missão, ao lado de chamadas já publicadas, como a dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento, e de editais futuros nas áreas de Educação Básica, e-Gov, saúde, entre outras, completou Zago.
“O PIPE tem sido redesenhado para incorporar componentes novos. A parceria com o Sebrae-SP permitirá atuar num mercado em que ainda não atuamos. Apesar da formidável expansão do mercado de venture capital nos últimos dois anos, as pequenas empresas de base tecnológica não se beneficiaram disso, já que é impossível fazer valuation de empresas que não têm ativos tangíveis e ainda não estão faturando”, afirmou Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.
Ele adiantou que a parceria com o Sebrae-SP irá se desdobrar no futuro próximo, no contexto do empréstimo do BID para a Desenvolve SP, em iniciativa com foco na inovação a ser implementada junto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o Sebrae e a FAPESP.
De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Wilson Poit, a parceria com a FAPESP vai apoiar startups em todo o Estado. “O Sebrae vai ajudar, principalmente em vendas. Vamos tirar projetos inovadores dos laboratórios e levar ao cliente final.”
Também esteve presente ao evento a vice-presidente da ABStartup, Ingrid Barth. O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP, Tirso Meirelles, cumprimentou virtualmente os participantes.
Fonte: Agência FAPESP
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