Cientistas que estão à frente de pesquisas avançadas sobre a Amazônia participarão de um evento que tratará do uso de novas tecnologias como ferramentas de preservação e desenvolvimento sustentável da floresta. Os estudos com diferentes enfoques vão no sentido de responder a uma pergunta inquietante: existe de fato a possibilidade de desenvolver economicamente a Amazônia, melhorar a vida da população local e preservar a região, tanto ambiental como socioculturalmente?
O encontro virtual que acontece na próxima segunda-feira, 5 de abril, das 15h às 17h, será transmitido pelo canal da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no YouTube. O evento integra o Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação, parceria que tem por objetivo divulgar os resultados das pesquisas científicas financiadas com recursos públicos à sociedade em geral e aos legisladores e gestores públicos em particular. As inscrições devem ser feitas pelo site da Alesp.
Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia (iniciativa da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas) e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), apresentará o projeto da Amazônia 4.0, que aponta para a criação de uma bioeconomia que tenha como protagonistas os povos da floresta e populações indígenas. Segundo ele, frente ao risco de “savanização” de mais de 50% da floresta causada pela interação interconectada das mudanças climáticas devido ao aquecimento global e ao desmatamento e também ao aumento da vulnerabilidade da floresta tropical, é necessário não apenas zerar o desmatamento e promover a restauração florestal. “É urgente criar e implementar uma nova bioeconomia da floresta em pé e rios fluidos, valorizando por meio da agregação de valor da imensa riqueza potencial dos produtos florestais.”
Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, membro da coordenação do Programa FAPESP de Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), abordará o tema em sua palestra. A floresta ocupa posição central na sua pesquisa. “A Amazônia está mudando e o resultado pode não ser bom para o Brasil e o planeta”, diz.
Artaxo trará para o debate dados sobre as mudanças ambientais e seus impactos para o Brasil. Ele destaca que a floresta é chave nas questões das mudanças climáticas globais tanto por consistir no maior estoque de carbono em regiões continentais quanto por conter a maior bacia hidrográfica do planeta.
Adalberto Luis Val, pesquisador e professor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), estuda as adaptações biológicas às mudanças ambientais. Em sua palestra, ele explicará que a biodiversidade da região esconde um vasto conjunto de informações biológicas pouco conhecido. E que milhões de pessoas vivem e interagem com o bioma amazônico, que se estende por todo o norte da América do Sul. “Em contraste com os inúmeros serviços ambientais prestados pelo bioma, podem surgir novas doenças infecciosas a partir da interação das pessoas com a vida selvagem na fronteira da floresta. “Por isso, a Amazônia deve ser um compromisso permanente de todos”, diz.
Diretor do Secretariado do Grupo de Observações da Terra (GEO) e pesquisador em geoinformática, análise espacial e modelagem do uso da Terra vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara Neto tem trabalhado para promover o acesso gratuito a dados geoespaciais e por estabelecer um monitoramento eficiente por satélite da Floresta Amazônica brasileira. Ele apresentará as atividades de monitoramento do desmatamento da Amazônia, realizadas pelo Inpe desde 1988.
Fonte: Agência FAPESP
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