“O Estado do Amazonas tem todas as premissas para protagonizar uma governança econômica brasileira em âmbito mundial. A A agricultura, a mineração e, porque não dizer, a bioeconomia poderiam ser o carro-chefe da mudança no rumo da diversificação, adensamento e regionalização da economia”.
Estevão Vicente Monteiro de Paula (*)
Passados 53 anos da implantação da Zona Franca de Manaus, o Amazonas continua caminhando e cantando e seguindo o PIM, o Polo Industrial de Manaus, parodiando o poeta Vandré. E não adianta propor “vamos embora” porque não se sabe para onde ir, muito menos o que se vai fazer; E se não sabemos fazer a hora, o projeto, a antecipação da utopia, só resta esperar acontecer. Uma geração que vive a megalomania dos sonhos, de “potencial”, de ideias e soluções geniais que nunca se concretizam.
A perspectiva da depressão e da reação
Por isso, é preciso fazer a hora, saber o que fazer. Evidencia-se o caminho de uma nova crise econômica. Outra recessão? Não, agora é depressão. Aliás, mais rápida e grave do que a Grande Crise, a Depressão de 1929. E, é claro, se refletirá diretamente no Polo Industrial de Manaus, pois seus produtos, os chamados bens duráveis, são aqueles preteridos em função daqueles que alimentam e vestem as pessoas.
Coronavírus provocará um desastre econômico no Estado. Está mais do que na hora de acrescentar à discussão de sustentabilidade ambiental a sustentabilidade econômica para o Estado do Amazonas. É preciso que os excelentes profissionais que existem no Estado apresentem uma proposta de modelo econômico que diversifique, de forma ágil, alternativas de negócios para mitigar problemas socioeconômicos que batem à porta com apenas um mês de contaminação.
Vislumbra-se um novo mundo
Assim como a área médica se reuniu contra o vírus é hora de economistas, engenheiros, contadores, agrônomos, biólogos, administradores renomados se reúnam e façam uma proposta para atenuar o sofrimento de fome, de pobreza que certamente acontecerá mais ainda na Amazônia e, rapidamente, no Brasil.
Agora, vive-se um momento tenso com um vírus provavelmente gerado no outro lado do mundo, quando os países se segregam para resolver seus problemas e muitos trocam informações para combater este terrível mal que assola o planeta. Certamente, quando passar a crise que estamos vivendo existirá um novo mundo; uma nova forma de trabalhar, nova forma de negociar e nova forma das pessoas se relacionarem. Nossa mania cabocla – para dar um exemplo prosaico – de ficar conversando tocando no braço do outro desaparecerá no Amazonas.
Agronegócio, mineração e bioeconomia
E que lição se pode tirar de tudo isso? O impacto econômico, pois, aparentemente não existe um país totalmente independente neste ponto-de-vista. Principalmente aqueles com produção de conhecimento e desenvolvimento tecnológico com baixos índices. Eles têm altíssima dependência. E como poderia ser atenuado o problema de dependência econômica. Uma das alternativas é fazer com que outros países sejam dependentes daquilo que podemos produzir. Para tal, é preciso verticalizar o que se produz, com conhecimento técnico e científico e investimentos em inovação tecnológica.
O caso da agricultura brasileira e, com certeza, a mineração são setores que retomarão suas posições econômicas rapidamente. Infelizmente, pelo descaso que a mineração teve com o meio ambiente e o ser humano, este segmento ainda sofrerá com a desconfiança do seu consumidor e não voltará com a energia que poderia voltar.
O leite derramado
O Amazonas perdeu uma oportunidade boa com a possibilidade da Norvatis de trabalhar aqui, juntamente com CBA, graças à balela de Biopirataria levantado pela oposição ao governo da época. É importante chorar sobre este leite derramado. O Estado poderia hoje ser um berço de esperança para contribuir com a solução da crise atual. Atualmente, o mundo despertou para o problema da dependência de produção de bens essenciais, somente em um ou dois países. Remédios e equipamentos hospitalares, a partir de hoje, passam a ser material estratégico que todos os países devem ter para garantir sua soberania, Nasce ai, uma nova e grande oportunidade para o estado do Amazonas. Promover mecanismos para que no PIM se instalem empresas para produção de equipamentos hospitalares e EPIs, equipamentos de proteção individual. E mais: construir ambientes de negócios para o aproveitamento racional dos recursos naturais na produções de fármacos.
Protagonismo global
Deste modo, o Estado tem todas as premissas para protagonizar uma governança econômica brasileira em âmbito mundial. A agricultura, a mineração e, porque não dizer, a bioeconomia poderiam ser o carro chefe da mudança no rumo da diversificação, adensamento e regionalização da economia. Seria uma situação perfeita, se incluirmos a piscicultura, os cogumelos, a proteína de alguns insetos, etc.etc… o Amazonas, além de sanear o meio ambiente, exportando oxigênio, poderia contribuir com a segurança alimentar global, especialmente dos bilhões de habitantes asiáticos.
Isso não impede que sigamos a produzir bens duráveis, com insumos da biodiversidade, fibras, resinas, biocombustíveis… E de quebra, cooperar com o combate de suas doenças e a beleza das aparências, o drama da eterna juventude. Mas é preciso fazer a hora. É preciso tomar iniciativas; estabelecer metas; agregar os diversos segmentos econômicos e sociais; propor uma plano adequado de desenvolvimento econômico e social estimulando a todos que saiam das condições de conforto, internalizar o espirito de empreendedor com brasilidade, tendo certeza de que o que se faz é para o bem de todos. É assim que podemos prever o pior e não esperar acontecer…
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