Sandro Breval (*)
Abram o comércio e permitam que entrem apenas um número reduzido de pessoas, que não estão no grupo de risco. Aliás com essas últimas devemos ter o máximo de cuidado e zelo. A abertura poderia seguir um ritmo e procedimentos bem rigorosos de higienização. Uma mistura de supressão e mitigação talvez. Temos que repensar a estratégia. O inimigo é invisível, mas o que virá depois é bem visível – uma depressão sem precedentes que nos matará de fome.
Iminência do caos
Nas fábricas já podemos enxergar, faz algum tempo, diversos cuidados preventivos com o vírus. As estimativas otimistas contam com quarenta milhões de desempregados, governos quebrados e caos institucional e social. E não adianta falar se os líderes são capazes ou não, sem recursos nadam poderão fazer. Voltaremos ao escambo na melhor das hipóteses.
Precisamos de uma nova engenharia social com um discurso franco: de objeto e de campo. Somente um ou outro não resolve. Em campo, a histeria tomou conta, e no objeto atitudes erráticas e de invasão de competências. Quando não temos a consonância entre o objeto e campo.
Lockdown demográfico
Segundo os dados do IBGE, o Brasil tem uma pirâmide etária relativamente nova, a distribuição da população residente, acima de 60 anos correspondem em torno 4,9%. O resto na sua grande maioria está nas faixas etárias inferiores. Pelos dados do Centro de Ciência de Sistemas e Engenharia (CSSE) da John Hopkins University, já passamos de 102.980 casos do vírus que foram recuperados, e tudo indica que os novos procedimentos com medicamentos utilizados contra a malária podem ser exitosos. Vamos discutir os casos de alguns países, mas precisamos separá-los: Alemanha, a demografia ajudou, em Cingapura o povo tem tradição de higienização, em Taiwan cuidado com os entrantes. Ou seja, existem muitas variáveis que permeiam esse construto da pandemia e cada uma possui uma certa representatividade e peso em cada modelo.
Caixa Único
Se a questão é liquidez que usemos o caixa único do Governo Federal – cerca de R$ 1,3 Trilhões – e antes que me condenam vale explicar que o uso do caixa não impacta a dívida bruta, e o aumento da despesa corrente não descumpre a regra de ouro. Quanto ao teto de gastos não será violado pois o aumento de despesas viria em crédito extraordinário, além do mais estamos em estado de calamidade pública. É nessa hora que entra o aspecto garantidor do Governo. Liquidez em momentos de crise é a questão.
Não adianta o Banco Central permear o sistema financeiro nacional com crédito, em recente medida, porque não chega na ponta. Vamos lembrar que as pequenas e médias empresas que correspondem cerca de 50% dos empregos, não possuem capital de giro suficiente e os bancos serão mais restritivos.
Eficiência e produtividade
O retorno deverá ter uma curva muita branda devido falta de confiança, efeitos ainda na economia e as empresas se realocando. E nesse momento, abrem-se inúmeras oportunidades com a tecnologia, automação e pessoal. O que estará em jogo, no futuro próximo, é manter a capacidade e o consumo. Certamente precisaremos discutir as cadeias de suprimentos, as fontes de insumos e sobretudo tecnologias que utilizamos em produção, comunicação e automação. As empresas do PIM muitas delas tem fornecedores locais – o sistema Just-in-Time – e poucas delas tem um fornecedor para um determinado item, sempre dois ou três. Óbvio.
Como avaliar sua vida ?
Um dos grandes autores de gestão e inovação – Clayton Christensen – em seu livro “Como avaliar sua vida? Em busca do sucesso pessoal e profissional” procura estimular o debate sobre os fatores de higiene e de motivação. O que nos motiva ou incentiva, enfim, quanto ao trabalho, nossas atividades e família. O que precisamos discutir é propósito. Temos um?
(*) Sandro Breval – Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestrado em Engenharia de Produção Pela Universidade do Amazonas (2009), Especialização em Gerência Financeira Empresarial e graduação em adminsitração pela Universidade Federal do Amazonas (2000). Experiência em direção e gerenciamento no segmento industrial com destaque para Metal-Mecânico, em tecnologia da informação, atuando em implantação de ERP e automação bancária. Professor da Ufam. Especialização: Universidade de Chicago (EUA) Finanças e Políticas Públicas Insead (França) Gestão Estratégica, Wharton School (EUA) Strategy and Business Innovation, Insead (Madrid) Alta performance em Liderança.
Comentários