Há dois anos, a ABDI, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, se aproximou da Federação das Indústrias de São Paulo para olhar com lupa de investigação o status da Indústria 4.0 nos estabelecimentos fabris do Sudeste do Brasil. A movimentação envolveu a Fapesp, a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo e as universidades da região. Dessa parceria surgiram bons diagnósticos e muitos alertas sobre como enfrentar o desafio do Brasil de diminuir a distância com relação aos países que estão na vanguarda. Os investimentos para isso se revelaram urgentes e, necessariamente, robustos pois buscava o que cada um poderia oferecer neste desafio, cientes de que o país está distante das novas fronteiras tecnológicas. Um fato ilustra o abismo: para cada 10 mil trabalhadores da indústria há apenas 11 robôs no Brasil e 36 na China, enquanto na Coreia do Sul este número salta para 531, no Japão 305; na Alemanha 301; e nos Estados Unidos 176.
E se no Sudeste, a região mais desenvolvida do Brasil, com tantos incentivos e bilhões do BNDES, essa lacuna assusta, cabe imaginar como estamos no Amazonas? Aqui funciona a terceira planta industrial do país. Temos condições de olhar como janela de oportunidades a inserção do PIM (Polo Industrial de Manaus), na liderança desta movimentação, o que fatalmente, nos iria inserir na política industrial do país, além do meio ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação. Não custa especular. Sob a coordenação do prof. Sandro Breval e Roberto Garcia, Fieam e universidades locais estão mapeando esse universo desconectado das cadeias de manufatura avançada do Estado. Quem sabe, após essa atividade não faríamos um ensaio em pétit comitê de empresas com disponibilidade para rodar sua vocação 4.0. Quem sabe nos surpreendamos todos!
Recentemente a UEA convidou parceiros alemãs para trocar figurinhas e aferir nossa capacidade de atrair para o Amazonas as graças da Alemanha, ou da União Europeia, para promover parcerias de inovação tecnológica a partir da ZFM. É urgente investir em qualificação de recursos humanos. Recursos não faltam. O que falta é racionalizar e tornar mais transparente a aplicação. Se fizermos uma revisão do Capda, o Comitê que administra as verbas de P&D&I das empresas locais, tem muita carta marcada. Os atuais membros estão devendo visão mais holística, além e acima do umbigo institucional. Temos que andar rápido para rodar mais sistematicamente ensaios e descobertas de empresas saídas da universidade ou do engenho empreendedor de algumas startups. Em tempo: precisamos aproveitar a vantagem de que 70% do investimento privado em P&D tem origem na indústria de transformação. Lab-on-chip, um equipamento que numa espetada de agulhas digitais no tecido de um vegetal, revela o que dele precisamos saber… Internet das coisas parece já algo próximo do cotidiano de muitos estudantes de Tecnologia da Informação e da Comunicação. O mesmo no que diz respeito ao tratamento de grande quantidade de dados, Big Data, para fazer conversar, na rotina da manufatura avançada, os estalos e intuições da rapaziada que brinca na academia, Ufam, UEA, fazendo coisa séria de que precisamos. Num futuro bem próximo essas tecnologias serão mais baratas, sua implementação vai mudar para melhor o processo produtivo industrial. Não há como não sentir falta da Fapeam, um cupido institucional entre academia e economia, que precisamos recompor para compor uma nova sinfonia a brindar um novo tempo que já começou.
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