É emblemática a iniciativa da Suframa, com apoio da Federação e do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, de marcar presença na 14ª Edição da HSM ExpoManagement, que reúne executivos, líderes e tomadores de decisão dos mais diversos setores econômicos do País para debater o desafio do management mundial. Não há, porém, como separar o evento da decisão do superintendente, Thomaz Nogueira, que anunciou, há uma semana, que deixaria o comando da autarquia, Superintendência da Zona Franca de Manaus, até 31 de dezembro deste ano. Ele denunciou a falta de valorização dos servidores, mas foi lacônico na revelação detalhada de sua indignação com o tratamento negligente, irresponsável e, a rigor, aético da União com os interesses, demandas e gargalos locais. Cabe insistir que a União recebe mais da metade da riqueza que a ZFM produz. Omitiu ainda a articulação obscura entre o ministério do Desenvolvimento, o Ministério Público e a representação parlamentar do Planalto para desestabilizar sua gestão, através de mecanismos toscos, rasteiros, inaceitáveis… Assim (não) caminha a humanidade, muito menos a dignidade.
O que dirão os técnicos da Suframa na HSM Expo para quem estiver interessado em gestão de investimento na ZFM e indagar sobre o Plano Nacional de Logística dos Transportes, no item referente a dragagem e balizamento da hidrovia do Madeira, alternativa racional, secular e sustentável de escoamento de produtos da região? Como explicar para os investidores que a estrutura portuária local é duopolizada e pratica preços de Roterdam com estrutura de serviços de países pobres do continente africano? Como explicar que, 48 anos depois da implantação do modelo, não houve planejamento – management, não é? – entre as empresas públicas que produzem e as que distribuem energia? Que razões explicam, a propósito, a exclusão do segundo maior polo industrial do país ter do Programa Nacional de Banda Larga, fazendo da Zona Franca de Manaus o mais caro e mais lento serviço de acesso à internet do país?
E por que razões, indagariam os investidores, há 12 anos ninguém foi capaz de definir o modelo de gestão do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), ora gerido pela Suframa, onde não existe qualquer técnico especializado em gestão de biodiversidade. É comum o Tribunal de Contas penalizar a autarquia porque é difícil justificar aos órgãos de controle a compra de material, como comida para animais de laboratório, porque essa não é atividade fim da Suframa. Quem deveria estar presente na HSM Management eram os dirigentes e técnicos do ministério do Desenvolvimento e demais burocratas dos organismos relacionados à geração de oportunidades e sua relação com o melhor exercício da cidadania na Amazônia. Eles confundem barganha politica com gestão do interesse público e ganham polpudos salários por essa nociva distorção. Quanto à Suframa e seus apoiadores, as entidades de classe do setor produtivo, melhor fariam se integrassem um movimento destemido para assegurar a luta pela autonomia e revitalização da autarquia e pela aplicação mais transparente e eficiente dos R$ 3 bilhões/ano das contribuições da indústria para pesquisa e desenvolvimento, qualificação de recursos humanos, regionalização do desenvolvimento. Afinal, como diria o superintendente demissionário, impedido de exercer o management: “…qualquer país sério já teria feito uma revolução tecnológica com tantos recursos”.
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