Falecido no sábado, o empresário José dos Santos Azevedo deixa um legado ímpar de uma vivência inteiramente dedicada ao desenvolvimento regional. Parceiro de primeira hora na prorrogação dos incentivos fiscais, Seo Azevedo considerava meio século tempo suficiente para construir um império, no sentido de uma nova civilização nos trópicos, e preparar a mão-de-obra para tomar conta de um legado os pioneiros, nossos heróis da resistência, nos deixaram.
Esse é apenas mais um dos desafios do empresário José dos Santos da Silva Azevedo, que faleceu aos 84 anos com um portfólio de serviços e conquistas. Edificou o Grupo TV Lar, que já tem 55 anos de existência. Numa entrevista ao jornal ‘A Crítica’ contou o segredo para um negócio como esse perdurar por tanto tempo.
Raízes biográficas
Nascido em Portugal, tendo adotado a brasilidade por convicção e razão de vida, José Azevedo é uma figura representativa no meio comercial de Manaus. Filho de um brasileiro com uma portuguesa, o empresário chegou ao Amazonas com pouco mais de um ano, em 1934. Naquele momento o País vivia a ditadura Vargas e a economia do Amazonas experimentava um esvaziamento sem precedentes. Nesse cenário cresce e padece o menino José. Aos três anos, ficou órfão de mãe e foi criado pela avó paterna, pois o pai optou por construir uma nova família, em Nhamundá. “Aquela foi uma época de muita luta. Minha avó criou eu e minha irmã com muito esforço, porque meu pai pouco aparecia. Ela também ficou viúva muito jovem, então teve que lavar roupa para nos educar. Apesar disso, nunca passamos fome”.
Papel da educação
Azevedo lembrava que, várias vezes, chegou a andar descalço pelas ruas do Centro para entregar as roupas que a avó lavava para a clientela. Mas a falta de recursos, em nenhum momento, foi empecilho para ele sonhar com dias melhores. “Minha avó trabalhou até o último dia de vida dela porque queria nos dar o melhor. Nunca estudamos em escola pública, por exemplo, porque ela fazia questão que estudássemos em colégio particular, porque ela achava que o ensino era melhor”. Para ele, a educação rígida dada pela avó foi um dos pilares que o fez chegar mais longe. “Eu aprendi que o saber, o conhecimento, não ocupa lugar e o que está na nossa cabeça, ninguém pode tirar. Isso foi muito importante para o desenvolvimento da minha vida empresarial”.
Nasce um empresário
O empresário começou a aparecer com 14 anos, fazendo serviços de casa, como pinturas de parede, trabalhos com cimento. “Com 17 anos, fiz um curso de eletrônica e fui trabalhar na oficina do seu Antônio M. Henriques, consertando rádios. Nessa época eu estudava contabilidade no Colégio Dom Bosco. Depois de sete anos, a oficina fechou porque ele quis investir em outra área, mas eu preferi receber a minha indenização em ferramentas, no valor correspondente, e assim tive a oportunidade de abrir o meu primeiro negócio. Depois disso, nunca mais fui empregado”. Quando foram aprovados mais 50 anos para a ZFM, Azevedo ilustrou o próprio movimento familiar para desenhar sua visão de futuro.
A marca do empreendedorismo
“Estamos trabalhando para mais 50 anos! Temos aqui dentro três gerações: a minha, quando comecei sozinho, com apenas uma portinha. Naquela época, eu não tinha apoio de ninguém, a minha esposa cuidava só da casa e os meus filhos ainda eram muito pequenos. A segunda geração começa quando os meus filhos vieram trabalhar comigo. Os preparei para isso e eles nunca precisaram pedir emprego de ninguém. A terceira geração que Barbara Azevedo simboliza já nasceu no ambiente empresarial. Não carece de bater na porta de ninguém para pedir emprego. Está integrada no projeto de expansão de nosso Grupo TV Lar na direção do interior. Hoje temos lojas em Manacapuru, Codajás, Presidente Figueiredo e Coari e já estamos estudando o mercado para ampliar a marca, o nosso compromisso com a comunidade. Para tanto, estamos estudando com calma, trabalhando para mais 50 anos, 100 anos, para que a ideia desta marca empreendedora permaneça”.
Cieam no Fórum da Amazônia
Wilson Périco, presidente do Cieam, foi um dos destaques do Fórum da Amazônia, promovido pela Revista Exame, realizado em Manaus nessa terça-feira, 26 de junho. Ao lado de Gustavo Igrejas, da Suframa, e do deputado Serafim Correa, discutiram os embaraços, desafios e alternativas da Amazônia e da ZFM para enfrentar esse impasse chamado Brasil.
Wilson lembrou da relação do Polo Industrial de Manaus (PIM) com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), custeada pelos recursos oriundos das empresas incentivadas do PIM. “Seria interessante que fosse criada uma grade curricular focada nessas demandas regionais que temos e nas demandas de atualização com relação à indústria 4.0 para qualificar a sociedade dentro do meio acadêmico. Seria uma forma de utilizarmos essa ferramenta que temos sustentadas pelas riquezas geradas aqui”.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
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