Foto: Bruno Zanardo
Por Adalberto Val
O desenvolvimento sustentável para qualquer elo da cadeia social envolve um conjunto de atividades que deve ser continuamente buscado. Mais do que isso, precisa ser constantemente atualizado ao longo do tempo. Muitas ações são sustentáveis e fazem parte de um “ecossistema social”. Assim, Educação é sustentável e faz parte de um amplo conjunto de ações na área de saúde, transporte, trabalho, organização e exemplos sociais. Da mesma forma, a ciência e a tecnologia estão presentes no nosso dia-a-dia ainda que não nos demos conta. Se não tivéssemos cientistas fantásticos como Thomas Edison, que inventou, com base na informação disponível à época, a luz elétrica e a gravação de som e imagem, não teríamos luz e cinema. Se não tivéssemos o obstinado Louis Pasteur, biólogo francês, que descobriu os princípios da vacinação, pasteurização e da fermentação, talvez eu não estivesse escrevendo este texto, nem tomaríamos o leite e a cerveja produzidos hoje. Mulheres também revolucionaram nossas vidas por meio de suas descobertas e duas delas merecem destaque: Marie Curie que descreveu a radioatividade de alguns elementos químicos como o Polônio (nome dado em homenagem ao seu país natal) e Rádio (do latim “radialem”) e como podiam ser usados na cura do câncer, abrindo uma imensa avenida para os protocolos modernos para o tratamento dessa doença que continua a desafiar a ciência; e Johanna Döbereiner, pesquisadora brasileira, que revolucionou a produção de leguminosas no Brasil por meio da descrição de processos de melhora na fixação de nitrogênio. Ou seja, sem a contribuição dessas duas mulheres que devotaram suas vidas à ciência, talvez estivéssemos ainda muito longe dos modernos tratamentos contra o câncer e de aumentar a produção de alimentos.
Insustentável é a corrupção, ainda que sua duração no Brasil indique o contrário, já que vem nos corroendo as entranhas desde o império. É insustentável porque ocupa posição de destaque nos noticiários e mostra para crianças e adolescentes, aqueles homens e mulheres bem vestidos, andando em carros notáveis, usando joias de valor inestimável, comendo em restaurantes sofisticados, enfim posicionando-se de forma “invejável”. “Invejável” se fosse conquistada de forma honesta, mas não é. É como o mocinho ou galã empunhando seu cigarro nos cenários hollywoodianos. O pior de tudo neste contexto é que os recursos que sustentam a insustentável corrupção são subtraídos exatamente das ações que poderiam ajudar a construir um futuro sustentável. Sustentável é a honestidade, a hombridade, a probidade, a integridade. É dormir tranquilo. A construção de uma sociedade com estes predicativos depende de governança de estado séria e sem desvios, depende de exemplos, de espelho, depende da Educação e da capacidade de apropriação da informação que a Ciência e a Tecnologia produzem a cada dia. Depende de uma sociedade estruturada para os seus elementos mais fundamentais para a vida, como saúde, transporte, trabalho. Para um país rico com mais de 500 anos, como o Brasil, esses traços já deveriam estar consolidados!
Insustentável são homens e mulheres que não rechaçam os desvios e que compõem com eles, que recebem, nos subterrâneos do poder, corruptos e corruptas capazes de comprar tudo para se favorecerem. Diz o dito popular “Diga-me com quem andas e te direi quem és”, não é verdade? Que país é esse no qual o fazimento de leis que governam nossas vidas, nossa educação e a produção de informações robustas capazes de dar solidez à nossa sociedade são feitas na presença de homens e mulheres que estão envolvidos e envolvidas com tal insustentável corrupção?! É hora de repensar. É hora de rever o que queremos como nação. É hora de impor a sustentabilidade de ações sérias, de governança, para que, de fato, possamos ter um país a trilhar o desenvolvimento contínuo, sem sobressaltos e retrocessos. Não adianta importarmos educação, não adianta importarmos informação. A Ciência não é mais neutra; é, e deve ser desenvolvida para a sociedade em que se insere. Portanto, sejamos sustentáveis.
Publicado Originalmente no site InfoMoney, 5 jun 2017 10h35
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