Desde 2016, com a presença do presidente Wilson Périco, o CIEAM está integrado ao Comitê Cidadão, uma iniciativa das instituições e entidades da sociedade organizada, sem fins lucrativos, que tem por objetivos defender os interesses do cidadão, da cidadã, seus direitos civis, no contexto da rotina cotidiana. O arcebispo de Manaus, Sérgio Castriani, o líder dos Presbiterianos. Pastor José João, e Stanley Braga, da Assembleia de Deus, fazem o suporte ético e eclesiástico do grupo, do qual faz parte, também, o procurador-chefe do MPF AM, Edmilson Barreiros, o diretor-executivo do CIEAM, Ronaldo Mota, além da representação da FIEAM, FAEA, FECOMERCIO, ACA, OAB AM, entre outras entidades e instituições, além de profissionais liberais, empresários e acadêmicos. Desde 2016, no debate sobre o Plano de Mobilidade Urbana, o CC decidiu debater, divulgar e proteger a economia da ZFM, comércio, serviços, indústria e agricultura, de onde o cidadão tira seu salário e o sustento de sua família. Sem a ZFM, estaríamos à mercê da economia predatória, da informalidade ou do tráfico, diz o pastor José João, que recomenda seja tratada a ZFM como a “nossa galinha dos ovos de ouro”. E é neste clima de discussão e educação para novas atitudes, que o CC se associou a Rede Boas Novas e criou o programa INTERLIGADOS, que vai ao ar todos os sábados, com o tema ZFM 50 anos, nossa galinha dos ovos de ouro. Wilson Périco, Rebecca Garcia, Muni Lourenço, Jaime Benchimol, Denis Minev, Belmiro Vianez, Estevão Monteiro de Paula, Augusto César Rocha, Roberto Tadros foram alguns dos debatedores de ZFM 50 anos. Hoje a estrela da Follow-Up brilha com o artigo do Arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani, “A Igreja, a proteção dos biomas brasileiros e a defesa da vida”, publicado nesta terça-feira pelo portal Infomoney/Bloomberg.
“A Igreja, a proteção dos biomas brasileiros e a defesa da vida”
Artigo de Dom Sérgio Castriani (*) [email protected]
Olhai os lírios do campo…. Olhai os pássaros do céu…. Estas duas frases do Evangelho foram proclamadas na abertura e nos acompanham no encerramento da Campanha da Fraternidade deste ano. O tema é: Biomas brasileiros e a defesa da vida. O local escolhido em Manaus foi o Parque do Mindu. Aqui e por todo o Brasil, esses parques sinalizam a diversidade biótica que estamos descuidando, ao deixar de entrar em contato com a natureza que resiste – até que ponto? – ao processo de urbanização. A civilização predatória não a respeitou e a degradou derrubando as árvores, poluindo rios e igarapés, destruindo a casa comum de tantos seres vivos. Entre eles os mais visíveis e audíveis são os pássaros do céu que necessitam tanto da terra. Eles não semeiam, nem colhem, nem guardam em celeiros. Não precisam fazer isto porque são um com a natureza. Simplesmente vivem. Estão inseridos na ordem natural das criaturas. Portanto é o Pai celeste que os alimenta.
A rigor, os alimentava, até que o poder destrutivo da intervenção humana entrou em ação. O desejo de acrescentar dias à própria vida, o esforço para acumular para lucrar com o excedente quebrou a ordem divina e natural colocando em perigo a sobrevivência de muitas espécies e condenando várias à extinção. Não só o canto dos pássaros deixou de ser ouvido, e suas plumagens admiradas, mas a biodiversidade escondida em cada centímetro da floresta em grande parte desapareceu. Nos igarapés que cortavam o espaço onde agora está a cidade, os peixes também desapareceram, e o que se vê é o lixo e os dejetos entupindo tudo.
Ainda há tempo, entretanto, de salvar este bioma Brasil, especialmente a Amazônia. Ela ainda é imenso e pode ser preservada. E possível a criatura humana integrar-se na natureza, reconhecendo que esta a antecede. Durante milênios povos inteiros viveram em harmonias com a floresta. E as populações ribeirinhas são prova disso. Para tanto é necessário uma conversão. Acreditar que somos imagem e semelhança de Deus que cuida de nós e que aquilo que ele criou é bom.
O Evangelho nos convida a olhar também para os lírios do campo em toda sua plenitude de significados. Eles não trabalham nem fiam. Seu crescimento é natural e eles simplesmente existem. Os seres humanos precisam se vestir e para fazê-lo montaram industrias e derrubaram florestas para produzir a matéria prima que alimentaria os teares. E com isto veio o lucro e algumas nações se tornaram poderosas. E este paradigma de progresso sujou os mares, cavou crateras, aqueceu a terra. Tudo se tornou fonte de lucro e objeto de compra e venda. Veio a miséria, a escravidão e a fome. E perdemos a fé no criador e na capacidade da criação em gerar e sustentar a vida.
A Campanha da Fraternidade nos convida a olhar nos biomas os dons de Deus que precisam ser respeitados e cuidados. Neles nós vivemos em busca de uma fraternidade que promova a vida e respeite as culturas. Antes de tudo devemos voltar a contemplar a beleza de cada bioma e de novo nos encantarmos com o canto dos pássaros, com a exuberância das flores, com a riqueza da biodiversidade. É necessário entender a relação da cidade em que vivemos com o bioma no qual ela se insere. O Brasil e o mundo precisam conhecer, amar e proteger a Amazônia pois dela dependem para rever os paradigmas desta civilização deletéria. Ou seja, para sobreviver. Sonhamos ativamente com uma cidade integrada com a natureza e sustentável. E podemos antecipar esta utopia. Não percamos a esperança. Este reencontro com a Natureza é factível na medida a criatura descobre o amor de seu criador. Ele nos enviou seu Filho ao mundo, sinal eloquente de compromisso com a condição humana e com o mundo no qual vivemos. E Ele está no meio de nós.
(*) Sérgio Eduardo Castriani é arcebispo metropolitano de Manaus, desde 2012, paulista de Regente Feijó, 62 anos, e missionário da Congregação do Espírito Santo.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
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