“As ações da iniciativa “A Amazônia Que Eu Quero” e os projetos da Agenda ESG da Zona Franca de Manaus exemplificam como diferentes atores podem colaborar para alcançar esses objetivos. O futuro da Amazônia depende de um compromisso contínuo com esses propósitos e objetivos compartilhados, onde todos têm algo a aprender e contribuir.”
Por Rildo Silva
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Às vésperas de completar 10 anos, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) fortalecem uma agenda global estabelecida pela ONU em 2016, composta por 17 metas que visam transformar o mundo até 2030. Entre esses, o ODS 9, que aborda Indústria, Inovação e Infraestrutura, é crucial para o desenvolvimento econômico e social. Como a implementação do ODS 9 pode impactar a gestão sustentável da Amazônia? A iniciativa “A Amazônia Que Eu Quero”, da Rede Amazônica, complementa os projetos da Comissão ESG da Zona Franca de Manaus, proporcionando estratégias para inserir os ODS na rotina amazônica.
Indústria, Inovação e Infraestrutura
O ODS 9 busca construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. Estes pilares são essenciais para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, uma região que enfrenta desafios únicos devido à sua vastidão, diversidade biológica e frequentes desajustes nos padrões de desenvolvimento. A melhoria das rodovias, hidrovias e sistemas de transporte é fundamental para integrar a região ao restante do país e impulsionar o desenvolvimento econômico.
Indústria e Meio Ambiente
A industrialização inclusiva e sustentável é tanto um desafio quanto uma oportunidade para a Amazônia. Com a Reforma Tributária, será possível modernizar a estrutura tributária, reduzir o custo do crédito, melhorar a infraestrutura logística, promover a transição energética e capacitar a mão de obra local. O fortalecimento da indústria na Amazônia, alinhado ao ODS 9, pode gerar empregos de qualidade e reduzir a pobreza, colaborando com os objetivos do ODS 1 e ODS 8.
Não existe desenvolvimento verdadeiramente sustentável sem inovação. O Índice Global de Inovação de 2023 coloca o Brasil na 49ª posição, destacando a necessidade de intensificar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A meta é aumentar o número de trabalhadores em P&D e os gastos em P&D para 2% do PIB até 2030.
“A Amazônia que eu quero”
Em setembro de 2021, a Fundação Rede Amazônica (FRAM) lançou a plataforma ‘Amazônia Que Eu Quero’, iniciando um debate sobre assuntos fundamentais para a população da região Norte. Foi necessário ampliar a capacidade de levantar informações da gestão pública e apontar caminhos a partir da discussão entre especialistas e a sociedade civil. Para a edição de 2021, o tema escolhido foi “Caminhos da Democracia”, abordando infraestrutura, acesso à saúde, energia limpa, empreendedorismo, inovação e florestas.
De acordo com o CEO do Grupo Rede Amazônica (GRAM), Phelippe Daou Júnior, “Amazônia Que Eu Quero” é um projeto de cidadania que busca conscientizar a população sobre a importância da democracia e engajar a sociedade em prol de um futuro sustentável para a região. Este projeto destaca a importância da participação comunitária e da colaboração entre diferentes setores da sociedade para alcançar os ODS na Amazônia, promovendo práticas sustentáveis que preservem a biodiversidade e fortaleçam as economias locais.
Zona Franca de Manaus e a Agenda ESG
A Zona Franca de Manaus (ZFM) é um exemplo de como políticas de desenvolvimento industrial podem se alinhar com objetivos de sustentabilidade. Os projetos de ESG (Environmental, Social, and Governance) da ZFM focam na reabilitação de atividades econômicas sob uma perspectiva sustentável, incluindo o uso de recursos renováveis, a adoção de tecnologias limpas e práticas de produção ambientalmente adequadas.
Na Comissão ESG do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, enfrentamos desafios significativos, especialmente na área social. Interagimos com outras comissões para garantir que competitividade, logística de transportes, recursos humanos, inovação e tecnologia se conectem para alcançar o equilíbrio socioambiental, econômico e industrial dentro da metodologia ESG. Projetos de gestão sustentável de resíduos, implementação de sistemas de energia renovável e hortas compartilhadas são exemplos dessas iniciativas. Como resultado, há uma redução do impacto ambiental das atividades industriais, maior inclusão social e melhoria das condições de trabalho.
O futuro, o compromisso e a aprendizagem
Nós nos aproximamos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 9, pavimentando caminhos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A integração de infraestrutura, industrialização inclusiva e inovação pode transformar a região, promovendo crescimento econômico, criando empregos e preservando a biodiversidade. As ações da iniciativa “A Amazônia Que Eu Quero” e os projetos de ESG da Zona Franca de Manaus exemplificam como diferentes atores podem colaborar para alcançar esses objetivos. O futuro da Amazônia depende de um compromisso contínuo com esses propósitos e objetivos compartilhados, onde todos têm algo a aprender e contribuir.
Rildo Silva é empresário e presidente do SINAEES – Sindicato da Indústria de Aparelhos EletroEletrônicos e Similares e membro da Comissão ESG do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.
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