O impacto das mudanças climáticas no Brasil tem sido destacado por especialistas. O físico Paulo Artaxo, professor da USP e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), alerta que eventos como as secas na Amazônia em 2023 e 2024, ondas de calor, deslizamentos e inundações em estados como Rio Grande do Sul, Petrópolis, Bahia e Minas Gerais evidenciam o desequilíbrio causado pela queima de combustíveis fósseis
Um levantamento realizado pelo World Weather Attribution revelou que mais de 500 mil pessoas perderam a vida nos dez eventos climáticos mais mortais dos últimos 20 anos. A seca que devastou a Somália em 2011 lidera a lista, com 258 mil vítimas fatais. O ciclone Nargis, que atingiu o sul de Mianmar em 2008, foi o segundo mais mortal, com 138.366 mortes, seguido pela onda de calor que assolou a Europa em 2022, causando 53.542 óbitos.
Eventos intensificados por mudanças climáticas
De acordo com o estudo, todos esses fenômenos foram diretamente relacionados às mudanças climáticas. Tempestades, secas e ciclones têm se tornado mais intensos e frequentes devido ao agravamento do efeito estufa, provocado principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Esse processo eleva a temperatura média global, desencadeando consequências desastrosas para o meio ambiente e a humanidade.
O físico Paulo Artaxo, professor da USP e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), destaca o impacto dessas mudanças no Brasil: “As secas na Amazônia em 2023 e 2024, ondas de calor, deslizamentos e inundações em estados como Rio Grande do Sul, Petrópolis, Bahia e Minas Gerais mostram o desequilíbrio que a queima de combustíveis fósseis está causando no planeta.”
Artaxo também ressalta que os danos climáticos já superam 1 trilhão de dólares por ano. “Milhares de mortes ocorreram, e enquanto isso, nada de reduzir as emissões e nada de compensação aos países pobres pelos danos,” afirma o especialista.
COP29 debate financiamento climático
Enquanto a ciência registra as consequências das mudanças climáticas, líderes mundiais discutem soluções na 29ª Conferência do Clima da ONU (COP29), realizada em Baku, Azerbaijão. O evento, que se encerra neste final de semana, tem como objetivo determinar o montante que será destinado ao financiamento climático para países pobres e vulneráveis.
O debate central está no compromisso dos países desenvolvidos – com maior responsabilidade histórica pelo efeito estufa – em financiar as nações em desenvolvimento, permitindo-lhes lidar com os impactos das mudanças climáticas e promoverem a redução de emissões de gases de efeito estufa. Embora tal repasse esteja previsto no Acordo de Paris, firmado em 2015, países mais pobres afirmam que os recursos não chegam na escala necessária.
Com o agravamento da crise climática, as necessidades financeiras, antes estimadas em centenas de bilhões de dólares, agora ultrapassam a marca de 1 trilhão de dólares, segundo especialistas.
O crescente número de vítimas e o aumento dos prejuízos econômicos mostram que o tempo para agir está se esgotando. Enquanto líderes discutem valores e responsabilidades, a ciência alerta que o planeta enfrenta uma crise sem precedentes, exigindo ações imediatas e coordenadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Eventos climáticos mais mortais desde 2004
Os efeitos das mudanças climáticas têm alimentado eventos extremos cada vez mais devastadores ao redor do mundo. Desde 2004, ciclones, ondas de calor, secas e inundações foram amplificados pela elevação das temperaturas globais, resultando em milhares de mortes e prejuízos incalculáveis. A seguir, uma análise detalhada dos principais eventos climáticos mortais e seus vínculos com as mudanças climáticas.
Impactos Globais Recentes
Desde o início de 2023, recordes históricos têm exposto a gravidade do aquecimento global. O planeta experimentou os períodos mais quentes dos últimos 120 mil anos, enquanto ciclones tropicais, incêndios florestais e secas atingiram níveis sem precedentes. Entre os destaques estão:
- Secas Históricas: A Amazônia enfrenta uma das maiores crises hídricas da história, prejudicando a biodiversidade e populações locais.
- Enchentes Devastadoras no Brasil: No sul do país, enchentes deslocaram quase 500 mil pessoas, com prejuízos superiores a R$ 100 bilhões.
- Estresse Térmico Mortal na Arábia Saudita: Durante a peregrinação a Meca, 1.300 pessoas morreram devido ao calor extremo.
Impactos Econômicos e Sociais
As mudanças climáticas têm causado prejuízos significativos à saúde, economia e segurança alimentar global:
- Perdas Econômicas Crescentes: Eventos climáticos extremos geraram US$ 227 bilhões em perdas anuais, 25% a mais que há uma década.
- Aumento da Insegurança Alimentar: 150 milhões de pessoas enfrentam fome devido à intensificação de ondas de calor e secas.
- Desafios na África: A região perde entre 2% e 5% do PIB anualmente, enquanto os custos de adaptação climática somam US$ 50 bilhões por ano.
Novas pesquisas alertam para o agravamento dos impactos:
O aumento do nível do mar pode ser muito mais severo do que o previsto, com elevações de até 3 metros nas próximas décadas. Furacões do Atlântico têm registrado velocidades de vento 31 km/h maiores entre 2019 e 2023.
A relação direta entre as emissões de gases de efeito estufa e a intensificação dos eventos climáticos extremos é inegável. Com as mudanças climáticas avançando rapidamente, as projeções indicam uma piora significativa nas condições de vida, especialmente para as populações mais vulneráveis. A ação global urgente é essencial para mitigar esses efeitos e prevenir catástrofes ainda maiores.