A Terra Yanomami, localizada em Roraima, enfrenta uma crise humanitária que resultou em 363 mortes de indígenas em 2023, um aumento de 20 óbitos em comparação a 2022, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde. Esse crescimento ocorre mesmo após a declaração de emergência em saúde pública pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de 2023, evidenciando a continuidade dos desafios enfrentados pela comunidade indígena.
Especialistas apontam que o aumento no registro de mortes pode não refletir necessariamente um agravamento da situação, mas sim uma melhoria na notificação dos casos, anteriormente subnotificados durante a gestão de Jair Bolsonaro (2019-2022). Ainda assim, o cenário é preocupante, com malária, desnutrição e outras complicações de saúde persistindo entre os Yanomami, exacerbadas pela invasão de garimpeiros ilegais.
Após uma ação inicial eficaz do governo federal em 2023 que resultou na expulsão de muitos desses garimpeiros, a diminuição da fiscalização, atribuída à redução da presença das Forças Armadas, permitiu o retorno de alguns invasores. Este revés trouxe consigo um ressurgimento da violência e deterioração da saúde indígena.
A situação é particularmente grave nas comunidades de Auaris e Surucucu, onde a desnutrição e surtos de malária são frequentes, apesar da presença de Pelotões Especiais de Fronteira do Exército, que em teoria deveriam prover proteção. Reportagens indicam uma falta de ação efetiva dos militares em face da crise.
Além dos desafios em campo, a identificação de restos mortais de Yanomami no IML de Boa Vista adiciona uma camada de complexidade à tragédia. Até o momento, pelo menos seis corpos aguardam reconhecimento, com a FUNAI relatando dificuldades em localizar familiares para identificação. Esses indivíduos são suspeitos de pertencer ao subgrupo Yawari, severamente impactado pelas atividades de garimpo ilegal.
Este panorama reforça a urgência de ações coordenadas e efetivas para combater a crise humanitária na Terra Yanomami, protegendo suas comunidades da invasão, violência e doenças que ameaçam sua sobrevivência.
*Com informações de CLIMA INFO
Comentários