“Isso não apenas ajudará a combater o ‘greenwashing’, mas também promoverá uma compreensão mais profunda e precisa das práticas sustentáveis no mundo corporativo, contribuindo significativamente para a credibilidade e a integridade da governança ESG.”
Por Alfredo Lopes
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A recente pesquisa da PwC, revelando que 98% dos investidores brasileiros percebem o fenômeno do ‘greenwashing’ em relatórios corporativos de sustentabilidade, levanta uma questão crucial sobre a credibilidade na governança ESG (Environmental, Social, and Governance). Este alto índice de desconfiança aponta para uma lacuna significativa entre a narrativa e a prática das empresas, destacando a necessidade urgente de regulações mais rígidas e padronizadas na elaboração dos relatórios ESG.
O ‘greenwashing’, prática de divulgar informações enganosas ou exageradas sobre as credenciais ambientais de uma empresa, emerge como um sintoma de um problema maior: a ausência de um padrão regulatório específico para a elaboração de relatórios ESG. Esta falha regulatória permite que empresas divulguem informações sem critérios específicos, prejudicando a transparência e a confiabilidade das informações apresentadas
Especialistas, como Mauricio Colombari da PwC Brasil, ressaltam a distorção entre a realidade e os relatórios, onde empresas podem enfatizar ações em áreas menos críticas, negligenciando os aspectos mais relevantes de seu impacto ambiental e social. Essa prática não apenas desinforma os investidores, mas também mascara a verdadeira natureza dos riscos e oportunidades ESG enfrentados pelas empresas.
Luciane Moessa, da entidade Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS), aponta para a necessidade de dados objetivos em relatórios ESG. A falta de precisão e a subjetividade das normas atuais contribuem para uma baixa transparência nas informações divulgadas, dificultando a avaliação precisa do desempenho ESG das empresas
A implementação das normas do IFRS (International Financial Reporting Standards) para relatórios financeiros relacionados à sustentabilidade é um passo importante nesse sentido. A adoção desses padrões por empresas e fundos de investimento ajudará a preencher lacunas de dados, promovendo uma compreensão mais clara do desempenho ESG das empresas. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já deu um passo adiante ao adotar as regras do IFRS, obrigando empresas de capital aberto a publicar relatórios especializados a partir de 2026.
O caso recente de escândalos de governança corporativa, como o da Americanas, reforça a desconfiança dos investidores e evidencia a necessidade de uma legislação mais rigorosa. O estabelecimento de padrões claros e obrigatórios para os relatórios ESG é essencial para restaurar a confiança dos investidores e garantir uma avaliação precisa do desempenho das empresas em questões ambientais, sociais e de governança.
O papel dos relatórios ESG vai além da mera divulgação de informações; eles são fundamentais para a tomada de decisão consciente dos investidores e para a promoção de práticas sustentáveis no ambiente corporativo. Relatórios precisos e regulamentados não apenas aumentam a transparência, mas também incentivam as empresas a adotar estratégias de negócios mais sustentáveis e responsáveis.
Portanto, a integração de padrões rigorosos e claros na elaboração de relatórios ESG é crucial para a construção de uma governança corporativa mais transparente e confiável. Isso não apenas ajudará a combater o ‘greenwashing’, mas também promoverá uma compreensão mais profunda e precisa das práticas sustentáveis no mundo corporativo, contribuindo significativamente para a credibilidade e a integridade da governança ESG.Com dados da PWC PriceWaterhouseCoopers ESTADÃO
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