A fumaça das queimadas no Brasil se espalha por diversas regiões, afetando a qualidade do ar e agravando a crise ambiental no país
O Brasil enfrenta uma grave crise ambiental com incêndios florestais se alastrando por diversas regiões do país. O mês de julho de 2024 foi o pior para o Brasil em termos de queimadas nos últimos 20 anos. Dados do Programa BDQueimadas, operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registraram 22.478 focos de calor nesse período, um número alarmante se comparado aos 30.235 focos registrados em julho de 2005.
Dispersão da fumaça pelo país
A fumaça gerada por esses incêndios é tão densa que pode ser vista claramente por imagens de satélite do Inpe, chegando até a região Sul do Brasil. Ventos em 850 hPa, aproximadamente 1,5 mil metros acima do nível do mar, desempenham um papel crucial no transporte desses poluentes, impactando a qualidade do ar em regiões distantes das fontes de incêndio. A Cordilheira dos Andes atua como uma barreira natural, alterando os padrões de vento e direcionando a fumaça para o Sudeste, conforme explicou a Climatempo, empresa de serviços meteorológicos.
Além disso, os Andes bloqueiam a umidade vinda do Pacífico, contribuindo para a seca no interior do continente durante o inverno. Essa seca intensifica as queimadas, aumentando a quantidade de fumaça gerada, que é então transportada pelos ventos para outras regiões. “As condições de seca prolongada e temperaturas elevadas criam um ambiente propício para a propagação dos incêndios florestais, resultando em uma crise ambiental significativa para o país”, alertou a Climatempo.
Situação no Pantanal
O Pantanal, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, tem sido severamente impactado pelos incêndios florestais. No mês passado, o governo federal informou que aproximadamente 96% dos incêndios haviam sido apagados ou controlados, mas a situação voltou a se agravar nas últimas semanas.
As temperaturas no Pantanal seguem estáveis e acima da média, variando entre 34ºC e 37ºC, com umidade baixa entre 10% e 30%. Segundo Valesca Fernandes, meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (CEMTEC), essas condições são favoráveis para a ocorrência de incêndios florestais. “Entre agosto e setembro ocorrem os maiores incêndios florestais, e as condições previstas são favoráveis para o fogo”, explicou Fernandes ao Correio do Estado.
Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ) mostram que, em junho, o fogo chegou a destruir 14,6 mil hectares de vegetação por dia no bioma, enquanto em julho a média diária de área queimada foi de 4,8 mil hectares. Os registros mais graves foram identificados em Nhecolândia, região do Abobral, Rio Verde, Serra do Amolar, Porto da Manga, Albuquerque e nas proximidades da área de adestramento do Rabicho (Corumbá), onde fica a Marinha do Brasil.
Os impactos dos incêndios florestais são devastadores para o meio ambiente, afetando a biodiversidade, a qualidade do ar e a saúde humana. A dispersão de fumaça e poluentes compromete a qualidade do ar em diversas regiões, aumentando a incidência de doenças respiratórias e outras complicações de saúde. Além disso, a destruição da vegetação compromete a fauna local, agrava a erosão do solo e contribui para a perda de habitats naturais.
Diante dessa crise, é imperativo que medidas de prevenção e combate aos incêndios sejam reforçadas. Isso inclui a implementação de políticas públicas eficazes, o monitoramento constante das áreas de risco, a conscientização da população sobre as práticas de queimadas controladas e a promoção de técnicas agrícolas sustentáveis que não dependam do uso do fogo.
A situação atual do Brasil em relação aos incêndios florestais é alarmante e requer uma resposta coordenada e urgente das autoridades, organizações ambientais e sociedade civil para mitigar os danos e proteger o patrimônio natural do país.
*Com informações UM SÓ PLANETA
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