O clima e solo parecidos fez com que regiões do sul da Inglaterra se tornassem potenciais produtoras de bons espumantes, concorrendo com o clássico champanhe francês
A Inglaterra surpreendeu – e intimidou concorrentes tradicionais do produto – ao se tornar uma das principais regiões europeias para espumantes, competindo até mesmo com a famosa região de Champanhe, na França: a única no mundo que pode dar o nome de champagne aos seus espumantes. E o mais curioso: esse potencial rival do drink clássico é fruto das mudanças climáticas nas últimas décadas.
“A Inglaterra hoje tem um clima parecido com o de Champanhe nos anos 1950”, diz o engenheiro agrônomo brasileiro Heber Rodrigues, diretor de pesquisa da The English Vine, o maior ecommerce de vinhos locais, à Folha. Assim, o aquecimento global, que preocupa e prejudica os franceses, “melhora” o clima na Inglaterra para essa produção, salvo em anos excepcionais.
As regiões produtoras de uvas são próximas a Londres e se encontram em uma latitude um pouco acima de Champanhe, na França, regiões que também compartilham características geológicas semelhantes, como solos calcários que conferem uma forte mineralidade aos vinhos espumantes. Nos últimos dez anos, isso permitiu que a Inglaterra visse surgir uma série de vinícolas urbanas, mesmo com a tendência de clima mais frio, e que os espumantes ingleses superassem os renomados champanhes em várias competições às cegas.
O elevado custo de produção desse produto explica a presença limitada de espumantes ingleses no mercado internacional, o que encarece a venda. Por conta disso, apenas 8% da produção é exportada. Ainda assim, os consumidores brasileiros já têm acesso a alguns desses rótulos: desde o fim de 2023, a importadora Zahil traz sete rótulos de cinco vinícolas, sendo seis deles espumantes e um vinho tranquilo, ou seja, sem borbulhas.
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