O eleitorado deve buscar candidatos que não apenas entendam os conceitos de adaptação, capacidade adaptativa e resiliência, mas que estejam prontos para transformá-los em ações concretas que promovam cidades mais seguras, justas e sustentáveis. A hora é agora para escolher representantes que possam liderar o caminho para uma sociedade que enfrenta os desafios climáticos com equidade, visão e resiliência.
Por Yara Amazônia Lins
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“À medida que eventos climáticos extremos, como inundações, ondas de calor, secas e queimadas, se tornam mais frequentes e severos em todo o Brasil, a necessidade de escolher representantes políticos atentos às vulnerabilidades das populações mais afetadas torna-se mais crítica. Manaus, com seus igarapés transbordando, e o Litoral Norte de São Paulo, palco de deslizamentos devastadores em 2023, são exemplos vívidos dos riscos que as cidades enfrentam. Estes eventos não são isolados, mas parte de um padrão que se repete em diversas regiões, desde as secas e queimadas na Amazônia até as inundações em Curitiba e a salinização no Rio Grande do Norte.
Adaptação climática
O novo normal climático exige capacidade adaptativa e muita resiliência, conceitos-chave para entender e enfrentar esses desafios. Adaptação envolve ajustes em diferentes setores para mitigar os impactos adversos das mudanças climáticas, enquanto a capacidade adaptativa se refere ao potencial de um sistema, como uma cidade, para mudar em resposta a esses impactos. A resiliência é a capacidade de um sistema resistir e se adaptar a perturbações ao longo do tempo.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Esses conceitos são essenciais para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima) e o ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis). Eles exigem um compromisso político profundo com a implementação de políticas e planos que priorizem a eficiência dos recursos, a adaptação e a sustentabilidade.
Equação perversa
Infelizmente, a realidade nas cidades brasileiras muitas vezes reflete uma “equação bastante perversa” de planejamento inadequado, infraestrutura deficiente, iniquidades sociais e impactos ambientais exacerbados por eventos climáticos extremos. A urbanização desordenada e a segregação socioespacial agravam os efeitos das mudanças climáticas, especialmente sobre os mais vulneráveis, evidenciando a ligação inextricável entre as crises climáticas e sociais.
Governança inepta
Além disso, a falta de clareza nas responsabilidades, a desarticulação de políticas setoriais e as influências políticas e econômicas que muitas vezes prevalecem sobre o bem público complicam ainda mais a capacidade das cidades de responder eficazmente às mudanças climáticas. A governança inadequada e a fiscalização insuficiente exacerbam esses desafios.
Exigência de competência
Diante deste cenário, é vital que a população exija líderes capazes de abordar essas questões complexas com visão e ação eficaz. Às vésperas das eleições municipais, a escolha de representantes comprometidos com o desenvolvimento sustentável e a resiliência climática é mais do que uma opção política; é uma necessidade urgente para garantir o futuro das nossas cidades e de seus habitantes.
A hora é agora
O eleitorado deve buscar candidatos que não apenas entendam os conceitos de adaptação, capacidade adaptativa e resiliência, mas que estejam prontos para transformá-los em ações concretas que promovam cidades mais seguras, justas e sustentáveis. A hora é agora para escolher representantes que possam liderar o caminho para uma sociedade que enfrenta os desafios climáticos com equidade, visão e resiliência.
Yara Amazônia Lins é presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas.
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