A Malwee apresentou a “Ar.voree”, uma malha inovadora que captura carbono do ambiente e o elimina durante a lavagem, a inovação demonstra um avanço importante no setor de moda sustentável e no combate às mudanças climáticas.
O Grupo Malwee, empresa brasileira de moda, anunciou a criação da primeira malha capaz de realizar o processo de descarbonização. A malha, nomeada “Ar.voree”, captura carbono em forma de gás (CO2) do ambiente e o elimina durante o processo de lavagem da peça. A inovação foi apresentada na exposição “A Chain of Women”, evento que abre a London Fashion Week, e faz parte da campanha da Malwee de promoção de práticas sustentáveis na moda com contribuição ao combate às mudanças climáticas.
O desenvolvimento da “Ar.voree”
A tecnologia de descarbonização utilizada na “Ar.voree” foi desenvolvida em parceria com a startup Xinterra, de Singapura, após dois anos de pesquisa. Juntas, as empresas criaram a tecnologia COzTERRA para o mercado têxtil. O funcionamento da malha é inovador: o tecido captura o CO2 da atmosfera, e durante o processo de lavagem, esse CO2 é transformado em bicarbonato de sódio em contato com detergentes líquidos ou em pó, sendo então completamente dissolvido. Além disso, a lavagem também recarrega os agentes de captura de carbono, permitindo que a peça continue sua função de purificar o ar nas próximas vezes em que for usada.
No final da matéria explicamos melhor como funciona o processo de captura de carbono
Segundo Gabriela Rizzo, CEO do Grupo Malwee, cada 25 usos e lavagens da camiseta equivalem ao trabalho de uma árvore adulta em termos de captura de carbono. Essa inovação coloca a Malwee na vanguarda da moda sustentável, em um cenário que a indústria da moda como um todo, segundo dados, é responsável por 2 a 8% das emissões globais de carbono.
Moda sustentável
A Malwee é uma empresa que, desde sua fundação há 56 anos, tem histórico de compromisso com práticas de moda sustentável. A companhia já utiliza 100% de energia renovável em suas três fábricas e investe pesadamente em sistemas de reutilização de água, tendo reutilizado 111,6 milhões de litros em 2023. Além disso, o grupo participa de iniciativas globais como a Business Ambition for 1.5°C: Our Only Future, organizada pela ONU. Essa campanha visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C em comparação com os níveis pré-industriais e alcançar a meta de emissões líquidas zero de gases de efeito estufa (GEE) até 2050.
A tecnologia da “Ar.voree” reforça esse compromisso, atuando como uma solução que transforma o produto têxtil de um dos responsáveis pelas emissões de carbono em um agente ativo no combate às mudanças climáticas. Desde 2019, a Malwee já conseguiu reduzir em 37% suas emissões de gases de efeito estufa nos escopos 1 e 2, que englobam emissões diretas e indiretas da produção de energia utilizada nas fábricas.
A coleção “Abrace o Futuro”
A Malwee também apresentou a coleção “Abrace o Futuro”, que inclui peças confeccionadas a partir de roupas descartadas que iriam para aterros sanitários. Essas peças são compostas por 85% de fios desfibrados e reciclados e 15% de poliéster reciclado proveniente de garrafas PET. Essa iniciativa mostra o compromisso da marca em reduzir o desperdício e contribuir para a economia circular, reaproveitando materiais que seriam descartados.
A estratégia de comunicação e educação ambiental
A CEO Gabriela Rizzo destacou a importância de educar o consumidor final sobre essas inovações, explicando de forma acessível como funcionam as novas tecnologias sustentáveis da Malwee. As camisetas da “Ar.voree” chegarão ao mercado com instruções claras de uso, lavagem e manutenção, garantindo que os consumidores possam maximizar o impacto ambiental positivo das peças. Segundo Rizzo, essa abordagem visa desmistificar a tecnologia e engajar o público de maneira mais direta.
Entenda como funciona o processo do ponto de vista da química
Quimicamente falando, a descarbonização no processo da malha “Ar.voree” envolve a captura de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera e sua conversão em uma forma menos prejudicial, como o bicarbonato de sódio (NaHCO₃). Aqui está como isso acontece:
Captura de CO₂: O tecido contém agentes ativos (possivelmente materiais com propriedades semelhantes a aminas ou outros compostos capazes de fixar o CO₂ da atmosfera). Esses agentes, quando expostos ao ar, reagem com o dióxido de carbono presente, prendendo-o de forma química no tecido.
Reação durante a lavagem: Quando a peça é lavada, esses agentes interagem com detergentes líquidos ou em pó. O CO₂ capturado é liberado durante o processo e, ao reagir com íons presentes na água (como Na⁺ e OH⁻, provenientes dos detergentes), é convertido em bicarbonato de sódio (NaHCO₃). A reação simplificada que ocorre pode ser representada assim:
CO2+NaOH→NaHCO3CO₂ + NaOH
Aqui, o CO₂ reage com o hidróxido de sódio (NaOH), que é formado pela dissociação de compostos presentes no detergente em água, para formar bicarbonato de sódio.
Dissolução do bicarbonato de sódio: O bicarbonato de sódio é uma substância solúvel em água, portanto, ele se dissolve no ciclo de lavagem e é eliminado pelo esgoto, onde não causa danos significativos ao meio ambiente.
Para onde vai o carbono?
O carbono capturado inicialmente na forma de CO₂ é transformado em bicarbonato de sódio, que, sendo uma substância solúvel e estável, é eliminado junto com a água da lavagem. Nesse processo, o carbono é convertido em uma forma segura, em vez de ser liberado novamente para a atmosfera como CO₂, contribuindo assim para a redução líquida de carbono no ar.
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