Cientistas ficaram surpresos ao avistar uma baleia-cinzenta ao sul de Nantucket, marcando um evento raro, já que a espécie era considerada extinta no Atlântico há 200 anos. Este avistamento, potencialmente ligado às mudanças climáticas, desafia o entendimento atual sobre a distribuição desses mamíferos marinhos.
Na última terça-feira (5), o Aquário da Nova Inglaterra, localizado em Boston, EUA, divulgou a observação inusitada de uma baleia-cinzenta ao sul de Nantucket, um acontecimento pouco comum para essa área. A comunidade científica está intrigada, pois acreditava-se que a espécie havia desaparecido do Atlântico há cerca de dois séculos.
Uma equipe especializada em exploração aérea avistou o mamífero marinho no dia 1, acompanhando-o por aproximadamente 45 minutos. Durante esse tempo, a baleia realizou repetidos mergulhos e retornos à superfície, indicando que estava em busca de alimento.
Kate Laemmle, uma das pesquisadoras a bordo do avião, expressou sua surpresa: “Meu cérebro estava tentando processar o que eu via, porque esse animal é algo que não devia existir nessas águas”. Ela destacou a pele cinza-esbranquiçada e a falta de barbatana dorsal como características distintivas da baleia-cinzenta.
As baleias-cinzentas são categorizadas em dois grupos principais: as orientais, com uma população estável, e as ocidentais, atualmente em risco de extinção. Embora ainda sejam encontradas com frequência no norte do Pacífico, entre as Américas e a região da Ásia e Oceania, a caça intensiva resultou na extinção da espécie no Atlântico.
Um evento similar de avistamento ocorreu na Califórnia no ano anterior, levando os cientistas a especular que pode ser o mesmo indivíduo avistado recentemente. Nos últimos 15 anos, houve um total de cinco registros de baleias-cinzentas no Atlântico e no Mediterrâneo, de acordo com os registros do Aquário.
Mudanças Climáticas e Migrações
A razão por trás desses raros avistamentos pode estar parcialmente ligada às alterações climáticas. O aquecimento global tem provocado um derretimento mais acentuado no verão da Passagem do Noroeste, situada ao norte do Canadá, facilitando o deslocamento desses mamíferos entre os oceanos, uma vez que anteriormente encontravam barreiras significativas de gelo marinho.
Este fenômeno também pode ajudar a explicar como, em 2013, uma baleia-cinzenta estabeleceu o recorde de maior distância percorrida por um vertebrado marinho, ao ser descoberta na Namíbia após nadar 26,8 mil quilômetros desde o Pacífico Norte, equivalente a mais da metade do perímetro terrestre.
Com informações do Um Só Planeta
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