As últimas projeções climáticas sugerem que a circulação de revolvimento do Atlântico se enfraquecerá em cerca de 30% até 2060, impactando no derretimento do Ártico
A desaceleração da “grande correia transportadora global”, ou a Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC), vem trazendo atenção a um problema climático com impactos vastos. Com o aquecimento global, a AMOC está em seu ponto mais fraco dos últimos mil anos, o que compromete a estabilidade climática e os ecossistemas marinhos, já que é esse sistema quem redistribui o calor globalmente, regulando temperaturas e chuvas.
As consequências dessa mudança incluem um aquecimento acelerado no Hemisfério Sul, invernos mais severos na Europa e um enfraquecimento das monções tropicais no Hemisfério Norte. Além disso, simulações indicam que esses efeitos podem se manifestar mais cedo do que o previsto, evidenciando a urgência de respostas globais para mitigar impactos climáticos iminentes.
A AMOC é monitorada continuamente desde 2004, mas para compreender melhor as mudanças climáticas e suas causas, é necessária uma análise de longo prazo. Pesquisas usando análises de sedimentos apontam que esse fenômeno atingiu seu ponto mais fraco em mil anos e enfraqueceu cerca de 20% desde meados do século XX. O aquecimento global, que já aumentou em 1,5ºC desde a Revolução Industrial, tem a impactado significativamente, com o Ártico aquecendo quase quatro vezes mais rápido nas últimas décadas.
Água do degelo enfraquece a circulação oceânica
Desde 2002, a Groenlândia perdeu aproximadamente 5.900 gigatoneladas de gelo, o que, para comparação, seria como cobrir todo o estado de New South Wales, na Austrália, com uma camada de 8 metros de gelo.
Esse derretimento massivo de água doce, que flui para o oceano subártico, é mais leve que a água salgada do mar e, por isso, não afunda nas profundezas oceânicas. O resultado é uma redução no fluxo das águas profundas e frias que descem no Atlântico Norte, além de enfraquecimento da Corrente do Golfo, que transporta águas quentes de volta ao norte pela superfície, impactando todo o sistema climático.