Pesquisadores, liderados pelo brasileiro Carlos Monteiro, professor de Nutrição e Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), emitiram um alerta sobre os perigos do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. Esses produtos, que incluem biscoitos, salgadinhos, refrigerantes e fast food, são criticados por seu alto teor de aditivos, gorduras saturadas, açúcar e sal, enquanto são deficientes em fibras e vitaminas.
Um estudo internacional publicado em 2018 já havia associado o consumo de ultraprocessados ao aumento do risco de câncer. Agora, uma nova meta-análise, abrangendo quase 10 milhões de pessoas, sugere que esses alimentos podem estar relacionados a 31 problemas de saúde adicionais, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e morte prematura. Este tipo de dieta é predominante nos Estados Unidos e no Reino Unido, representando mais da metade do consumo alimentar, com taxas ainda maiores entre populações de baixa renda e jovens.
No geral, os resultados mostram que uma maior exposição a alimentos ultraprocessados foi consistentemente associada a um maior risco de 32 resultados adversos à saúde, que são:
- Mortalidade por todas as causas;
- Mortalidade por câncer;
- Mortalidade por doenças cardiovasculares;
- Mortalidade por problemas cardíacos;
- Câncer de mama;
- Câncer (geral);
- Tumores do sistema nervoso central;
- Leucemia linfocítica crônica;
- Câncer colorretal;
- Câncer pancreático;
- Câncer de próstata;
- Desfechos adversos relacionados ao sono;
- Ansiedade;
- Transtornos mentais comuns;
- Depressão;
- Asma;
- Chiado no peito;
- Desfechos de doenças cardiovasculares combinados;
- Morbidade de doenças cardiovasculares;
- Hipertensão;
- Hipertriacilgliceridemia;
- Colesterol HDL baixo;
- Doença de Crohn;
- Colite ulcerativa;
- Obesidade abdominal;
- Hiperglicemia;
- Síndrome metabólica;
- Doença hepática gordurosa não alcoólica;
- Obesidade;
- Excesso de peso;
- Sobrepeso;
- Diabetes tipo 2
Em um editorial vinculado ao estudo, publicado no jornal britânico BMJ, Monteiro e sua equipe da USP criticam os ultraprocessados por serem composições de ingredientes baratos e quimicamente manipulados, destacando que o corpo humano pode não ser totalmente capaz de adaptar-se a eles. Eles argumentam que esses produtos são formulados para maximizar o prazer, combinando açúcar, gordura e sal, além de utilizar marketing agressivo, o que pode levar ao vício.
Os pesquisadores recomendam que os alimentos ultraprocessados sejam regulamentados de maneira semelhante ao tabaco, com limitações à publicidade e avisos claros sobre os riscos à saúde em suas embalagens. Eles também pedem a implementação de políticas públicas destinadas a reduzir o consumo desses produtos e a realização de pesquisas multidisciplinares para avaliar as melhores estratégias de controle e as implicações dessas políticas para a saúde, sociedade e meio ambiente.
*Com informações CATRACA LIVRE
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