O Supremo Tribunal Federal (STF) viveu mais um capítulo decisivo na complexa questão da demarcação de terras indígenas no Brasil. O ministro André Mendonça votou hoje a favor do controverso marco temporal, o que deixa o placar do julgamento empatado em 2 votos a 2. A decisão continua a dividir o tribunal, que ainda espera os votos de sete de seus membros.
No centro do debate está a tese do marco temporal, defendida por proprietários de terras, que limitaria o direito de posse indígena às terras ocupadas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial naquela época. Os indígenas, por sua parte, são veementemente contra esse entendimento.
Argumentos dos ministros
André Mendonça sustenta que o marco temporal “reflete o propósito constitucional de colocar uma pá de cal nas intermináveis discussões” sobre a ocupação indígena de terras. Segundo ele, o critério equilibraria os interesses de proprietários de terras e dos indígenas.
Por outro lado, os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes já haviam manifestado voto contra essa interpretação, posicionando-se a favor da causa indígena. O ministro Nunes Marques também votou a favor do marco, mantendo o tribunal dividido.
Mendonça acrescentou uma nuance adicional ao debate ao opinar que o laudo antropológico para a demarcação deveria ser conduzido por uma comissão composta por todos os envolvidos na causa. Ele também abordou a possibilidade de concessão de terras equivalentes aos indígenas, destacando que a remoção só ocorreria em comum acordo com as tribos. Esta última proposta constou no voto do ministro Alexandre de Moraes.
O Caso da Terra Indígena Ibirama
O julgamento que reacendeu essa discussão envolve uma disputa pela posse da Terra Indígena Ibirama, em Santa Catarina. A área é habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani, e parte da terra é questionada pela procuradoria do estado.
Embora tenha adiantado grande parte de seu voto, Mendonça ainda não concluiu a leitura, e a sessão será retomada amanhã (31). Com as posições claramente divididas e a expectativa elevada, o Brasil aguarda o desfecho deste caso que pode alterar significativamente as regras da demarcação de terras indígenas no país.
Para muitos, a decisão final do STF representará muito mais do que um mero veredicto legal: será um termômetro da saúde democrática do país e de sua capacidade de equilibrar interesses tão divergentes, mas igualmente fundamentais para a construção de uma nação justa e igualitária.
*Com informações Agência Brasil
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