Enquanto não tivermos a capacidade de enfrentar as deficiências e as lacunas, corrigindo-as e adaptando-as, ou, enquanto não tivermos a clareza de afirmar que o Distrito Industrial e a cidade de Manaus possuem a tradição de ter uma indústria competitiva, seremos conservadores tolos, que não aceitam o progresso.
Por Augusto Cesar Barreto Rocha
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A compreensão de símbolos é algo relativamente elaborado. Nem sempre os percebemos conscientemente, mas todos possuímos alguma noção dos significados de ao menos alguns. A tradução de sentimentos e associações simbólicas são marcantes. Lidar com isso é algo de profunda relevância, quando bem-feito, porém, demonstra rapidamente a ignorância pelo simples ato de ignorar – a pessoa se torna criança frente ao simbolismo, quando não o reconhece ou não demonstra reconhecer.
A simbologia tecnológica está costumeiramente associada com questões de progresso, pois a ciência conjugada com o empreendedorismo leva a um patamar superior e a uma esperada incorporação, no dia a dia das pessoas, daqueles novos conceitos. A construção do progresso passa tipicamente por vanguardeiros que iluminam o desconhecido, sendo, em geral, ansiada.
O repúdio ao progresso é marcado pela escuridão e pela barbárie, pois se rejeita o progresso por alegações diversas, mas o pano de fundo é um medo, uma aversão ao novo. Gregorio Luri, filósofo espanhol, asseverou que para que o bom funcionamento institucional é “necessário que alguém se resigne a ser adulto”. Citando-o, Mariano Rajoy (político conservador Espanhol), afirma que política é para adultos. Concordo com esta visão: estes admiráveis senhores e senhoras que fazem Política são os adultos que nos separam da barbárie e do obscurantismo.
A simbologia da transição da infância ao adulto é muito interessante, pois o período da adolescência, muitas vezes é marcado pela revolta em alguns, em especial quando há muita insegurança. A Zona Franca de Manaus (ZFM) prece sofrer desta crise de adolescência tardia, pois não fica muito contente quando se criticam seus pontos fracos. Ao invés de enfrentá-los, os nega veementemente e eloquentemente, simbolizando fraqueza.
Enquanto não tivermos a capacidade de enfrentar as deficiências e as lacunas, corrigindo-as e adaptando-as, ou, enquanto não tivermos a clareza de afirmar que o Distrito Industrial e a cidade de Manaus possuem a tradição de ter uma indústria competitiva, seremos conservadores tolos, que não aceitam o progresso. Afinal, conservadores querem o progresso, lento e cauteloso, mas que ele venha.
Temos ficado perdidos na incapacidade de desejar e ansiar pelo progresso, como se a condição que estamos fosse a mais perfeita possível. E estamos muito longe disto. Entendo que a cada artigo que surge criticando a ZFM, oscilamos entre a irritação e a desqualificação total dos textos. A chave mais oportuna me parece ser identificar os aspectos fortes em crítica, para iniciar aí a convergência e a busca da melhoria.
Fora disso, seremos símbolos do retrocesso. Ser Conservador não é ser contrário ao progresso, mas é ser cauteloso com o progresso. Esta incompreensão precisará ser resolvida, para que a barbárie não seja a tônica da relação humana na Amazônia.
Há muitos símbolos no mundo contemporâneo – está na hora dos nossos Políticos ampliarem nosso isolamento da barbárie, pois o progresso humano na Amazônia precisa acontecer. E logo, pois há muita fome em meio a abundância presenteada por Deus. Estimo feliz e próspero 2023 para todos – que a abundância amazônica seja multiplicada e permeada pela e para a humanidade.
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