Declaração de Alexandre Silveira sobre entrada do país na OPEP+ sem reduzir produção de petróleo, gera controvérsia em Dubai, contrastando com o discurso do presidente Lula sobre liderança em transição energética e combate às mudanças climáticas
Durante o segundo dia da Conferência do Clima da ONU em Dubai, que se estenderá por duas semanas, líderes de vários países fizeram pronunciamentos significativos. O Brasil, especificamente, teve um momento delicado quando um ministro do governo de Lula expressou uma opinião que gerou controvérsia, ofuscando outras ações do governo brasileiro na conferência.
Na quinta-feira à tarde, o ministro brasileiro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fez uma declaração importante. Ele indicou a possibilidade do Brasil se juntar à OPEP+, uma organização ampliada de países exportadores de petróleo. Ele enfatizou que o Brasil não se comprometeria a reduzir a produção de petróleo.
O momento do comentário de Silveira coincidiu infelizmente com um discurso de Lula na COP28, onde ele destacou o compromisso do Brasil em liderar a transição energética e combater as mudanças climáticas. Lula enfatizou a urgência da situação ambiental global e pediu mais investimentos dos países desenvolvidos na luta contra as mudanças climáticas e na redução de emissões de gases de efeito estufa.
Posição do Brasil na liderança ambiental
Lula destacou a disposição do Brasil em ser um líder pelo exemplo no enfrentamento das questões ambientais. Ele ressaltou a importância da ação conjunta entre os países para resolver esses problemas.
O convite para o Brasil fazer parte da OPEP+ foi feito durante uma visita de Lula à Riad, na Arábia Saudita, e formalizado através de uma carta recebida pelo ministro Silveira.
Apesar de Lula não ter falado com a imprensa neste dia da conferência, outros ministros brasileiros comentaram sobre a declaração de Silveira. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, procuraram minimizar o impacto das palavras de Silveira. Haddad destacou a necessidade da indústria do petróleo investir em descarbonização e em tecnologias para uma transição ecológica.
Visão de Marina Silva sobre a OPEP
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, falou sobre a participação do país na OPEP. Ela explicou que o Brasil atuará como observador, aproveitando os debates e avanços tecnológicos para avançar na transição energética. Marina acredita que o Brasil pode ter uma matriz energética totalmente limpa, auxiliando na transição energética mundial.
Marina Silva não vê contradição na entrada do Brasil na OPEP+, contanto que seja para promover debates sobre economia verde e a necessidade de descarbonização do planeta. No entanto, essa perspectiva é recebida com ceticismo por algumas organizações.
O governo brasileiro planeja expandir a exploração de petróleo em áreas ambientalmente sensíveis, como a Amazônia. Com isso, busca elevar sua posição de 9º para 4º maior produtor de petróleo do mundo.
Lançamento do Fundo “Florestas para Sempre”
Durante a COP28, o Brasil anunciou a criação de um fundo global destinado à conservação das florestas tropicais, com o objetivo de angariar 250 bilhões de dólares de fundos soberanos.
Embora os detalhes operacionais do fundo ainda não estejam claros, ele visa compensar 80 países com florestas tropicais pelo esforço de manter essas florestas preservadas. A compensação seria um valor fixo anual por hectare conservado ou restaurado.
O fundo, nomeado “Florestas Tropicais Para Sempre“, busca preencher uma lacuna nos mecanismos de financiamento atuais. Enquanto a maioria dos recursos existentes se concentra em pagamentos por captação de carbono ou provisão de serviços ambientais, este novo fundo propõe um modelo simplificado de monitoramento e compensação pela conservação das florestas.
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